29/01/2018

20. Lost Fight

não revisei, perdoem qualquer erro de digitação. 
boa leitura, beijos.

O dia havia sido resumido em fugir de Joseph. O fato da maioria dos trabalhos terem sido realizados fora da empresa ajudou bastante para que eles não se encontrassem. Agora faltava apenas dez minutos para que o seu turno acabasse. Demi jogou as bolinhas de papel na lata de lixo ao lado da sua mesinha, tirou o carregador do celular da tomada e guardou dentro da sua bolsa, ela respondeu brevemente as mensagens pendentes e abaixou-se para calçar suas sandálias já que ela tinha mania nada elegante de andar descalça pela sua sala. Ao ouvir as batidas na porta, ela desprendeu o cabelo do coque alto e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Entra. — A porta foi aberta e Wilmer adentrou na sala, ele não estava vestindo roupas sociais como de costume, ele vestia jeans, botas e uma camiseta cinza que moldava seus músculos perfeitamente. 

— Ei. — Wilmer sorriu e se aproximou para sentar na cadeira disponível, que ficava de frente à mesa de Demi. — Como você está? — Demi fechou a tampa do notebook e encarou os olhos escuros. Ela estava uma verdadeira bagunça de sentimentos e não sabia como organizá-los. 

— Eu estou bem, foi apenas um susto. O médico passou algumas recomendações que eu preciso seguir se eu não quiser morrer de um ataque cardíaco. — Brincou tentando aliviar toda a tensão que apenas ela sentia. Wilmer sorriu e acomodou-se melhor na cadeira, apoiando os braços em cima da mesa de vidro.

— Você não acha que está muito nova para ter esse tipo de problema? — Arqueou a sobrancelha.

— Eu desenvolvi pressão alta quando estava grávida, cheguei à ficar internada para conseguir controlar a minha pressão. — Deus os ombros. — Hoje eu sei me controlar, sei até onde eu posso chegar, o que eu posso ou não comer. 

— O que aconteceu ontem aqui quase te matou, Demi. — Ele disse sério porque estava preocupado com ela. Demi desviou o olhar e encarou um ponto qualquer da sala, sabia que Wilmer iria tocar naquele assunto, ele estava confuso e merecia uma explicação. — Eu sei que isso não é da minha conta e vou entender se você não quiser falar sobre isso, eu só fiquei muito confuso, eu nem sabia que vocês se conheciam e de repente ele é o pai da sua filha. Eu me preocupo com você. 

— Eu conheci Joseph com dezessete anos, nossos pais trabalham no mesmo hospital e eram rivais um do outro, acho que por isso a minha relação com ele não foi aceita pela minha família. Eu continuei com ele mesmo com todos os protestos e ameaças do meu pai, acabou que eu engravidei e quando fui contar à ele, eu vi o desgraçado pedindo outra mulher em casamento. — Disse como se aquilo não lhe machucasse mas ainda doía pensar em Joseph ajoelhado dizendo lindas palavras à Sophie, como se ela fosse a única garota que existisse no mundo. — Eu contei para os meus pais que estava grávida e acabei sendo expulsa de casa. Passei alguns meses no Texas e depois vim para Los Angeles. Joseph não sabia que eu tinha uma filha porque eu não tive oportunidade de contar, os anos passaram e eu me acostumei com a ideia de criar a minha filha sozinha. 

— Agora eu consigo entender melhor toda aquela história no jantar e o seu desconforto sempre que ele está por perto. — Demi sorriu sem graça e suspirou. — O desconforto entre vocês era visível, Demi. 

— Eu queria que nada disso estivesse acontecendo mas infelizmente é algo que eu não posso controlar, a última coisa que eu esperava na vida era que Joseph fosse sobrinho do dono da empresa em que eu trabalho.

— A vida tem dessas. — Wilmer disse com um sorriso conformado e Demi assentiu. — Ele ficou transtornado quando soube e faltou chorar quando você desmaiou. 

— Qualquer um ficaria assim ao descobrir que engravidou uma menina de dezessete anos. — Deu os ombros tentando se convencer de que aquilo não lhe importava nenhum pouquinho. 

— Vocês vão ter que conversar uma hora ou outra, vocês trabalham na mesma empresa e vai ficar difícil a convivência de vocês dois com essa situação pendente entre vocês. — Ele disse amigavelmente colocando sua mão sobre a mão de Demi. Ele apertou um pouco numa tentativa de passar confiança para ela e depositou um breve beijinho. — Você sabe que pode contar comigo, não sabe?

— Eu sei. — Demi disse fitando suas mãos sentindo seu coração bater acelerado em seu peito. — Eu só quero estar preparada emocionalmente para essa conversa porque eu sei que depois de conversar com ele, eu vou ter que deixá-lo entrar na minha vida de alguma maneira. — Depois que conversasse com Joseph, ela sabia que teria que deixá-lo participar da vida de Alana, porque se Joseph fosse para a justiça, ela seria obrigada à deixá-lo ver Alana. 

— Faça as coisas no seu tempo, Demi. — Wilmer sorriu fazendo Demi sorrir também. Ela gostava das sensações que ele lhe causava, era bom de sentir e não era algo forçado, era natural. — Eu já tomei muito o seu tempo, aposto que você quer ir para casa descansar. — Demi riu e assentiu acompanhando Wilmer até a porta. — Aceita jantar comigo no sábado? — Perguntou antes de Demi abrir a porta. Ela mordeu o lábio inferior e assentiu sem desviar o olhar, não tinha nada à perder. Wilmer sorriu e se aproximou para beijá-la na testa. — Certo, até amanhã, Demi. — Quando Wilmer abriu a porta, ele deu de cara com Joseph. Eles se encararam até Joseph desviar o olhar para encarar Demi. — Pega leve com ela, cara. — Falou dando dois tapinhas no ombro de Joe que apenas assentiu sem desviar o olhar de Demi. — Qualquer coisa eu estou na sala do lado. — Demi assentiu e Joseph adentrou na sala fechando a porta. 

— Precisamos conversar. — Não tinha para onde fugir. Eram apenas os dois, face à face, olho no olho. 

— Sobre? 

— Não se faça de desentendida, Demetria. Você sabe muito bem sobre o que nós precisamos conversar. 

— Eu não vou conversar sobre nenhum assunto pessoal com você no meu local de trabalho, é antiético. — Joseph riu irônico e Demi cerrou os dentes tentada em voar em cima dele. 

— E beijar o seu supervisor no local de trabalho não é antiético, Demetria? Reveja o seus conceitos, querida. — Aquele sorriso irônico nos lábios dele era tão irritante, céus. 

— A minha vida pessoal não é da sua conta, Joseph. — Demi disse apontando o dedo na cara dele, ela conseguia sentir seu sangue fervendo nas veias e se Joseph continuasse com aquele sorriso cínico nos lábios, ela não iria se controlar.

— Eu não estou interessado na sua vida pessoal, Demetria. Eu só quero saber porque diabos eu tenho uma filha de cinco anos de idade e nunca soube disso. Eu quero fazer parte da vida da minha filha, eu quero que ela saiba que tem um pai e que eu sou o pai dela. Eu não vou deixar você tirar isso de mim.

— Alana não é sua filha, Joseph. Não se refira à ela desse jeito, ela é minha filha, apenas minha. Eu aguentei o preconceito por engravidar com dezessete anos e estar sozinha, eu criei a minha filha sozinha, sem ajuda de homem nenhum, eu acordei às quatro da manhã quando ela estava chorando com medo do bicho que ela insistia que tinha dentro do guarda-roupa dela. Você foi apenas o homem que enfiou o pênis no meio das minhas pernas, apenas isso. 

— Eu não estava lá em todos esses momentos porque você não deixou, porque você escondeu a gravidez de mim, não aja como se eu fosse o culpado. Ah querida, você gemeu alto o meu nome enquanto eu enfiava meu pênis no meio das suas pernas. — Disse irritado e sem paciência, aquela mulher era capaz de tirar toda a sua sanidade. 

— Você sempre foi um filho da puta egoísta, eu tenho certeza que você não aceitaria um filho, você estava noivo de outra mulher, uma gravidez indesejada só estragaria seus malditos planos. Eu não confio em você, Joseph.

— Eu poderia estar noivo da princesa da Inglaterra mas eu jamais negaria um filho, Demetria. 

— Me poupe desse seu discurso idiota. — Demi caminhou até sua mesa e pegou sua bolsa. — Eu tenho mais o que fazer do que ficar ouvindo essas porcarias que sai da sua boca. 

— Foge, Demetria. Você é ótima em fugir, não é mesmo? Eu quero conversar civilizadamente com você, como dois adultos que eu acredito que somos, mas se você não der o braço à torcer, eu vou ter que ir até a justiça exigir meu direito como pai, não se surpreenda quando for intimada. — Demi o encarou e deu as costas caminhando para longe porque tinha certeza de que se ficasse ali, ela o atacaria com socos e tapas. Joseph bufou irritado e deu um soco na mesa. Sabia que não seria fácil mas também não imaginou que seria tão difícil. Ele saiu da sala rapidamente e desceu os degraus das escadas, ela não iria fugir, não dessa vez. Assim que ele chegou ao estacionamento, ele afrouxou a gravata social respirando ofegante e sorriu ao ver Demi conversando com um dos seguranças, seu carro estava estacionado ao lado do carro dela e aquilo não era nenhuma coincidência. 

— Uma hora ou outra nós vamos ter que conversar, Demetria. — Joseph disse desativando o alarme do seu carro. Demi olhou para ele e abriu a porta do carro agradecendo mentalmente por estar com óculos de sol, ela guardou a bolsa no banco do passageiro, adentrou no carro, fechou a porta e abaixou o vidro. 

— Amanhã. No horário de almoço, apenas eu e você, no restaurante Bestia em Downtown. — Foi tudo o que Demi disse antes de dar partida. Era melhor acabar com aquilo de uma vez por todas! 

The Lumineers tocava em um volume moderado no rádio. O trânsito aquele horário da tarde estava caótico e por isso demorou quase trinta minutos num trajeto que normalmente demorava quinze minutos. Durante o percurso da empresa até seu condomínio, Demi deixou lágrimas de frustração descer livremente pelas bochechas. Odiava aquele sentimento de impotência, estava em uma sinuca de bico e não podia fazer nada para mudar toda aquela situação, lutar contra Joseph seria como nadar e morrer na beira da praia. Ela estacionou o carro na sua vaga de sempre e adentrou no elevador, apertou o número do seu andar e esperou pacientemente enquanto o elevador subia. Assim que as portas se abriram, ela caminhou até o apartamento de Kris e tocou a campainha. 

— Mamãe, você não vai acreditar! — Alana disse animadamente assim que abriu a porta apartamento da avó e deu de cara com a mãe. — A vovó Kim ganhou um cachorrinho. — O sorriso no rosto da menina era enorme. Demi riu e abriu os braços para receber seu abraço e seu beijo. — O nome dela é Nina, ela é tão fofinha. — Alana passou os bracinhos ao redor do pescoço da mãe e beijou-lhe na bochecha. Aquela era a melhor parte do seu dia, ter sua filha em seus braços. 

— Eu aposto que ela é, aonde está a sua avó? — Perguntou enchendo as bochechas da menina de beijinhos. Alana apontou em direção à cozinha e Demi foi até lá com a garota nos braços. — Olha só, mamãe, essa é a Nina, Nina essa é a minha mãe. — Demi sorriu e fez carinho no filho de pug. A cachorrinha era pequena e tinha os pelos caramelizados. 

— Oi, querida. — Kim sorriu e secou as mãos no pano de prato após checar a torta de frango no forno. — Como você está, meu anjo? — Perguntou se aproximando dando um beijo na testa de Demi que fechou os olhos e sorriu apreciando o carinho, ela adorava receber carinho de Kim porque supria toda a falta que ela sentia da sua mãe. 

— Eu estou bem. — Sorriu e encarou a filha que estava sentada no chão num canto da cozinha acariciando a cachorrinha balançava o rabinho e brincava tentando morder os dedinhos da garotinha. — Ela sempre gostou de bichinhos, desde pequena. — Demi sorriu lembrando de todas as vezes que Alana pediu para que elas criassem um cachorrinho, Alana gostava muito dos animais. 

— As duas não se desgrudam desde que Alana chegou da escola, eu ganhei ela do Peter. — Sorriu apaixonada fazendo Demi arquear a sobrancelha. — Nós estamos ficando sério e estou até pensando em fazer um almoço no final de semana para apresentá-lo para vocês, Kristen o conheceu ontem e eles se deram muito bem e inclusive tem o mesmo amor pela fotografia. — O sorriso que Demi abriu foi enorme, ela ficava tão feliz  e animada quando via Kristen ou Kim feliz. 

— Eu fico muito feliz por você e estou animada para conhecer o mais novo vovô de Alana. — Brincou. 

— Mamãe, podemos adotar um cachorrinho? — Os olhos da menina chegavam à brilhar. Demi mordeu o lábio inferior e prendeu o cabelo em um coque alto. Los Angeles era quente e o forno ligado só ajudava à deixar a cozinha ainda mais abafada.

— Já conversamos sobre isso, filha. Só quando você crescer mais. 

— Eu quero um cachorro bem grande, igual o do Joe. — Demi bufou baixinho e revirou os olhos. Ultimamente cinquenta por cento do que Alana dizia era sobre Joseph, ela não estava acostumada e demoraria um tempo até se acostumar com Alana falando sobre Joe. Demi se perguntava como Alana iria reagir quando soubesse que Joseph era o seu pai. 

— Como foi o trabalho hoje, querida? 

— Foi tranquilo, a maior parte do trabalho foi fora da empresa, nós fomos checar o andamento dos projetos que demos início, verificar se estava tudo andando de maneira correta, coisas assim... — Deu os ombros e puxou um banquinho para sentar-se. 

— Boa tarde, família linda! — Kristen disse adentrando na cozinha. Ela largou sua bolsa num canto qualquer e cumprimentou Demi com um breve beijinho na bochecha, ela abraçou a mãe e sorriu quando Alana pulou em seu colo. — Vejo que essa pequena já conheceu o mais novo membro da família. — Disse dando um beijinho no pescoço de Alana fazendo a garotar rir e se contorcer.

— As duas já são melhores amigas. — Kim disse retirando a torta de frango do forno. O cheiro tomou conta do apartamento e fez com que Demi sentisse a sua barriga roncar. 

— Como foi na empresa hoje? Vocês conversaram? — Kristen perguntou curiosa e puxou um banquinho para sentar ao lado da melhor amiga. Ela retirou o all star que estava calçando e se acomodou melhor no banquinho. 

— O dia foi resumido em visitar obras, ele veio falar comigo quando eu já estava saindo da empresa, cobrou uma explicação e disse que se eu não ceder, vai recorrer à justiça. Marquei com ele amanhã, vou acabar com isso de uma vez por todas, essa situação é demais pra mim. — Demi suspirou e deu uma mordida na torta de frango que Kim serviu para ela e Kristen. 

— Mas você vai ceder tão facilmente? — Kim perguntou ajudando Alana lavar as mãos para comer da torta. 

— Eu não tenho opção, Kim. Se eu não ceder por livre e espontânea vontade, um juiz vai bater na minha porta, eu estou contra parede, não há nada que eu possa fazer. — Deu os ombros conformada com aquela situação. Ela teria que ceder à Joseph, não tinha outra opção e ela não queria levar àquele caso ao tribunal porque tinha certeza que perderia. Alana sentou no colo da mãe e mordeu um pedaço da torta. 

— Eu acho que poderíamos torturá-lo até ele prometer que vai deixar vocês em paz. — Kristen deu os ombros fazendo Kim rir alto. 

— Tudo acontece por algum motivo, Demi. Talvez você não entenda hoje e até se julgue por tudo o que está acontecendo mas lá na frente você vai entender que tudo isso tinha que acontecer por uma razão maior. — Kim sorriu e apertou a mão de Demi fazendo ela sorrir e agradecer mentalmente por ter aquelas duas mulheres em sua vida. Demi e Alana ficaram longos minutos no apartamento de Kim conversando sobre coisas aleatórias. 

— Como foi o passeio, meu amor? — Demi perguntou para a filha assim que elas adentraram no apartamento. Ela retirou os saltos e caminhou até a cozinha para separar os ingredientes que usaria para preparar o jantar. 

— Foi muito legal, eu vi as girafas e elas são enormes mesmo, mamãe. — Alana disse sentando no sofá para retirar seus tênis. — Eu vi os macacos e dei banana pra eles, os ursos estavam dormindo e um elefante espirrou água em mim. — Demi riu ao ouvir a risada contagiosa da filha. Não tinha nada mais gratificante para uma mãe do que ver um sorriso estampado no rosto de um filho. — Eu me diverti muito.

— Eu aposto que sim. — Apontou para a camiseta branca da menina que estava toda suja de terra. Alana riu e retirou a camiseta. — Já para o banho, mocinha. Eu já subo para lavar seu cabelo. — Alana assentiu e subiu as escadas correndo. Após separar tudo o que usaria para o jantar, Demi pegou a roupa suja da filha espalhada pela sala e levou até a lavanderia, subiu as escadas e adentrou em seu quarto, ela retirou sua roupa de trabalho e vestiu um vestido soltinho. Quando foi para o quarto da filha, Alana já estava no banheiro esperando por ela. 

— Amanhã começa os ensaios para a peça, você vai me ajudar à ensaiar, mamãe? 

— Claro que sim, bebê. — Demi disse ligando o chuveiro. Ela molhou o cabelo da filha e colocou um pouco de shampoo nas mãos. — No final de semana nós podemos ir atrás da sua fantasia. — Falou enquanto massageava o couro cabeludo da menina com a ponta dos dedos.

 — A Júlia pode dormir aqui amanhã? — Alana alcançou o sabonete e começou à se ensaboar. 

— Já conversamos sobre isso e você sabe que só pode trazer amiguinhas para dormir aqui nos finais de semana. 

— Então na sexta? — Perguntou fechando os olhos quando Demi começou a retirar a espuma dos seus cabelos. Demetria alcançou o condicionador e passou nas pontas do cabelo da filha para finalizar o banho.

— Se você fizer por merecer. — Demi alcançou a toalha e desligou o chuveiro. Ela secou a filha e a pegou no colo caminhando de volta para o quarto. Demi colocou Alana em cima da cama e foi até o guarda-roupa procurar o pijama da menina. — Eu vou para faculdade e a tia Kris vem ficar com você, o.k? — Alana assentiu já acostumada. Assim que terminou de trocar e pentear o cabelo da filha, Demi desceu para preparar o jantar enquanto Alana estava na sala brincando de boneca e assistindo televisão.

***

A Place With No Name do Michael Jackson tocava em um volume razoável. As pessoas estavam sentada em volta das mesas espalhadas pelo bar e conversavam animadamente. Selena sorriu e caminhou até um dos banquinhos que ficavam de frente ao balcão, ela queria aproveitar seus últimos dias em LA. — Uma cerveja, por favor. — Pediu e checou as mensagens do celular. Ela riu ao ler a mensagem de Joseph pedindo para que ela tomasse cuidado e entrasse em contato caso precisasse, ele era tão preocupado. Selena respondeu a mensagem com apenas um "o.k", ela deu um gole gelado em sua cerveja gelada e sorriu para o homem bonito que lhe encarava. Três cervejas e dois shots de vodka foram o suficiente para Selena dar altas risadas ao lado do homem bonito que passou boa parte da noite ao seu lado. 

Demi estava sentada em uma das mesas junto com seus colegas da faculdade, ela havia sido liberada mais cedo da faculdade e cedeu aos pedidos dos amigos para ir até o pub. Demi bebericou seu suco natural de morango e observou Selena esquivar-se do toque de um cara. Seus sentindo estavam ativos e ela não entendia o porquê de sua atenção estar toda em Selena. Quando Selena recusou os beijos do homem e ele continuou tentando, Demi soube que Selena não estava confortável com a situação e o pior era que ninguém que estava no pub parecia perceber. 

— Luke, eu preciso da sua ajuda. — Demi disse baixinho para seu colega de faculdade que estava sentado ao seu lado na mesa. Ele franziu o cenho e a encarou. — Preciso que você ajude aquela garota. — Apontou discretamente. Luke assentiu prontamente e eles se levantaram juntos sendo motivo de piadas entre os amigos porque os dois já haviam ficado. Demi se aproximou de Selena junto com Luke que passou um dos seus braços ao redor do ombro da morena e encarou o homem que tinha a mão na coxa nua de Selena. 

— Ela está acompanhada, babaca. — Luke encarou o homem que apenas se desculpou e saiu. Selena encarou Demi e sorriu arqueando uma das sobrancelhas. 

— Eu acho que eu estou vendo o amor do meu melhor amigo na minha frente. — Selena disse completamente bêbada e logo em seguida gargalhou encarando Demi como se estivesse vendo uma assombração.

— Você conhece ela? — Luke perguntou confuso e Demi apenas assentiu dando os ombros. 

— Selena, você está bem? — Perguntou preocupada. — Você está sozinha? — Demi não conseguia o motivo de tanta preocupação, Selena era adulta e sabia o que estava fazendo, ela não deveria ficar tão preocupada, deveria? 

— Eu acho que... que sim. — Soluçou e gargalhou alto, ela estava completamente bêbada! Luke riu baixinho da situação da garota e encarou Demi que estava séria encarando Selena. — Eu tinha planos de tran... transar hoje mas aqui só tem babacas. — Murmurou com desgosto e bebeu o resto da vodka que estava em seu copo. 

— Eu preciso levá-la para casa, você pode me ajudar a colocá-la no carro? — Luke assentiu prontamente e segurou o braço de Selena quando ela tentou ficar de pé e acabou cambaleando para os lados. — Nós vamos te levar para casa, tudo bem? — Selena não disse nada, apenas murmurou algo inaudível e cambaleou para trás novamente. Demi e Luke ajudaram Selena à caminhar até o local aonde o carro de Demi estava estacionado, Demi finalmente desativou o alarme do carro e Luke a colocou no banco do carona, passando o cinto de segurança ao redor do corpo dela. 

Demi se despediu de Luke com um beijo na bochecha e um breve abraço, ela agradeceu pela ajuda e adentrou no carro. Como faria para chegar ao endereço de Joseph se ela não tinha a mínima ideia de onde ele morava? — Você pode me dizer o nome da rua do Joseph? — Selena a encarou como se ela estivesse falando outro idioma. Que situação! Demi respirou fundo e encaixou o cinto de segurança. 

— O Joe ainda gosta muito de você, sabia? Mesmo depois de todo esse tempo ele ainda nutri sentimentos por você, até mesmo quando estava casado com Sophie. — Não escute conversa de uma bêbada. Demi repetia mentalmente, mas isso não impediu o coração de acelerar no peito e ela teve que abrir a janela do carro porque o calor que começou à sentir repentinamente começou à incomodá-la. — Vocês podiam parar de ser cabeça dura e voltar à ficar juntos, vocês dariam irmãozinhos à Alana, vocês fazem filhos muito bonitos, sabia? — Selena riu e Demi revirou os olhos.

— Seu amigo é um idiota e eu preciso do endereço dele. 

— Ele realmente é um idiota mas um idiota muito gente boa. Ele mudou, Demi. — Demi bufou baixinho, o que ela deveria fazer? Encarando o celular, uma lâmpada pareceu acender em sua cabeça. Ela pegou o aparelho e ligou para Bella, rezando mentalmente para que ela atendesse o telefone. 

— O Justin foi embora, ele me abandonou quando desco... cobriu que eu estava grávida. — Do que diabos Selena estava falando? Demi respirou aliviada quando ouviu a voz sonolenta de Bella do outro lado da linha. Bella era sua única salvação.

— Eu sinto muito estar te incomodando à essa hora mas eu preciso de um favor urgente seu. — Demi disse assim que Bella atendeu o celular e encarou Selena que cantarolava uma música impossível de ser identificada já que a sua fala estava embolada. 

— Foi bom você ter ligado, eu tenho uma prova amanhã e estava dormindo em cima dos livros mas no que posso ser útil? 

— Eu preciso do endereço da casa do Joseph.

— Da última vez que eu passei o endereço da casa de alguém deu merda. — Disse receosa.

— É urgente, eu estou com a melhor amiga dele bêbada no meu carro e preciso deixá-la em casa. — Por que diabos Selena não conseguia ficar muda? Agora ela estava chorando gritando como ela odiava os homens. 

— O negócio ai parece ser sério mesmo. — Bella disse ao ouvir os gritos de Selena. — Eu vou procurar aqui no meu computador e já te mando por mensagem. — Demi agradeceu e finalizou a chamada. Ela ligou o carro e encarou Selena adormecida no banco de trás, ela riu baixinho e deu partida, Selena bêbada era uma verdadeira comédia. A mensagem de Bella chegou e ela mordeu o lábio inferior ao ver que Joseph morava apenas à quinze minutos do seu condomínio. 

Como faria para subir com Selena? Demi se perguntou assim que estacionou o carro em frente ao condomínio, ela suspirou e se desfez do cinto de segurança. Demi atravessou a rua e se aproximou do porteiro. — Boa noite, eu preciso falar com Joseph Jonas. A amiga dele está bêbada dentro do meu carro e eu preciso de ajuda. 

— O interfone do apartamento do Sr. Jonas quebrou e ainda não foi concertado mas se a senhorita quiser, eu posso ajudá-la. 

— Eu ficaria muito agradecida. — O porteiro sorriu de maneira simpática e lhe acompanhou até o carro. Demi abriu a porta do passageiro e o porteiro pegou Selena no colo, que nem se mexeu. Demi pegou a bolsa de Selena, fechou a porta, ativou o alarme de segurança do carro e acompanhou o porteiro até o elevador do condomínio, ela só iria embora quando visse ele entregar Selena nos braços de Joseph, era uma questão de segurança. As portas do elevador se abriram no andar em que Joseph morava e ela apertou a campainha assim que o porteiro indicou o apartamento. 

Quando a porta abriu, o olhar de Demi foi diretamente para o peitoral nu de Joseph, por que diabos ele tinha que abrir a porta vestindo apenas uma maldita calça de moletom? — Demi? — Ela ergueu o olhar para encará-lo e umedeceu os lábios. — O que você está fazendo aqui? — Perguntou confuso. — O que aconteceu? — Perguntou ao notar o porteiro com Selena nos braços do porteiro. 

— Dá pra você parar de fazer perguntas e ajudar? — Joe se aproximou e pegou Selena no colo. Demi agradeceu ao porteiro e adentrou no apartamento para colocar a bolsa de Selena em cima da mesinha de centro. O vídeo-game estava pausado no jogo do Mario Bros, havia uma caixa pequena com rosquinhas e uma xícara de café, o notebook estava em cima da mesinha de centro ao lado de algumas revistas de engenharia, até que o apartamento dele era organizado para um homem que morava sozinho. — Nós estávamos no mesmo pub e tinha um homem querendo se aproveitar dela, então eu achei melhor trazê-la para casa. Sabe-se lá o que poderia ter acontecido. 

— Eu pedi para ela me mandar mensagem caso estivesse acontecendo algo de errado. — Murmurou enquanto encarava a melhor amiga, ele conhecia Selena como a palma de sua mão e sabia que no dia seguinte ela não se lembraria de nada. — Obrigado por ajudá-la, Demi. — Disse encarando-a. Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha enquanto encarava os olhos esverdeados, instantaneamente ela apertou com força as chaves do carro que estava em sua mão. — Como Alana está? 

— Ela está bem. — Se limitou à dizer. — Café preto sem açúcar é um bom remédio para ressaca. Bom, eu preciso ir para casa, Alana está esperando por mim. 

— Eu te acompanho até lá em baixo. 

— Não precisa, eu sei muito bem o caminho. — Joe bufou baixinho e revirou os olhos. 

— Eu não sou um monstro, Demetria. Eu não vou te morder, não precisa ficar tão receosa sempre que estamos no mesmo lugar. — Ele havia sido um filho da puta com ela, agiu como o maior cafajeste que existia mas ele havia mudado e queria provar que era uma boa pessoa e que seria um bom pai para Alana. 

— Você destruiu toda a confiança que eu tinha em você, então não me cobre algo que você não tem direito, Jonas. Eu não confio em você e se você está pensando que eu vou entregar Alana de mão beijada pra você, está muito enganado, Joseph. Você vai ter que ralar muito essa sua bunda pra conseguir a minha confiança, então não me julgue por nunca baixar a minha guarda quando se trata de você. 

— No momento em que Alana souber que eu sou o pai dela e acredite alguma hora ela vai saber porque se você não contar, eu vou contar, e no momento em que ela souber a verdade, nós vamos ter que conviver juntos, você gostando ou não, vamos ter que ter uma relação amigável pelo bem estar da nossa filha, então é melhor você ir se acostumando com a ideia, Demetria, porque eu não vou desistir da minha filha só porque você quer. 

— Vai pro inferno, Joseph. — Demi disse e saiu do apartamento batendo a porta com força. Ela chamou o elevador e respirou fundo tentando controlar sua raiva, Joseph lhe tirava do sério com toda aquela insistência, por que ele não ia viver a vida dele e deixava ela e sua filha em paz?

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eu ia continuar mas não quis demorar mais para postar. 
sinto muito pela demora meninas mas eu não sabia muito bem como desenvolver esse capítulo. enfim, espero muito que gostem, respostas do capítulo anterior no próximo. 
beijos e até mais. 

16/01/2018

19. Problems


Demi fechou o notebook e suspirou jogando a cabeça para trás. Havia passado boa parte da tarde adiantando alguns projetos da empresa, ultimamente estava acumulando mais trabalhos do que o aceitável e isso lhe deixava terrivelmente estressada e para não perder um dia, ela resolveu adiantar um pouco do trabalho em casa. Seu estômago roncou alto e ela encarou o relógio de parede, eram quatro e meia da tarde e ela estava só com seu almoço na barriga. Demetria encarou a filha que brincava de boneca no tapete da sala. — Amor, vai calçar sua sandália, nós vamos na padaria do Ryan. — Disse deixando o notebook de lado. Alana assentiu sorrindo e correu para calçar suas sandálias, ela pegou sua boneca e esperou a mãe buscar sua carteira. — Vamos. — Demi disse descendo as escadas, elas saíram do apartamento e enquanto Alana chamava o elevador, Demi trancou o apartamento e guardou as chaves no bolso traseiro do short jeans. 

— Eu vou poder comer cupcake? — Perguntou quando elas adentraram no elevador. Demi cumprimentou um rapaz que estava no elevador e encarou a filha com a sobrancelha arqueada. — Por favor, mamãe. Os cupcakes do tio Ryan são os melhores. — Demi balançou a cabeça rindo e assentiu. 

— Apenas um, nada de abusar nos doces, mocinha. — Alana assentiu animada e saiu correndo pelo jardim do condomínio assim que as portas se abriram no térreo. Demi cumprimentou o porteiro que trabalhava no condomínio desde que elas haviam se mudado. Ela segurou a mão da filha e atravessou a rua assim que o porteiro abriu o portão para elas. O caminho até a padaria não foi demorado, a padaria ficava apenas duas quadras do prédio aonde Demi morava. O clima de Los Angeles estava agradável, estava quente mas o vento deixava a temperatura suportável e agradável. 

O sininho da porta anunciou a entrada das duas garotas. Ryan estava atrás do balcão atendendo alguns clientes, Demi acenou brevemente para ele e sentou-se em uma das mesas disponíveis. — Boa tarde, meninas. — Camila, a prima de Ryan que trabalhava como garçonete na padaria se aproximou e as cumprimentou com um sorriso enquanto segurava um bloquinho na mão. — Já sabem o que vão querer? 

— Cupcakes!  — Alana disse de forma animada fazendo Camila rir. 

— Você pode trazer pra mim um pedaço de bolo de laranja e chá de camomila, pra Alana um cupacke e suco de morango. — Camila assentiu prontamente anotando os pedidos, ela pediu licença e saiu para atender outras pessoas que esperavam por ela. 

— Amanhã é o meu passeio para o zoológico. — Alana disse lembrando a mãe. Demi assentiu fazendo uma careta, ela não estava se lembrando daquele detalhe, eram tantas coisas para se lembrar que não tinha como uma pessoa só dar conta. — Eu estou animada. — Falou observando o parque que ficava de frente para a padaria. As pessoas caminhavam de um lado para o outro e as crianças brincavam animadas na grama do parque. 

— Eu imagino que sim, querida. 

— Ei, meus amores. — Ryan disse se aproximando delas com uma bandeja nas mãos. Ele serviu o café e o bolo de laranja para Demi, e para Alana suco de morango e cupacke de chocolate, os favorito da pequena. — Como vocês estão? — Perguntou dando um breve beijo na testa de Alana. Demi sorriu e fechou os olhos quando ele fez o mesmo com ela. 

— Amanhã eu vou ao zoológico, tio. — Alana deu uma mordida em seu cupacke e suspirou apreciando o recheio de chocolate, ela adorava tanto aqueles bolinhos. 

— Aposto que você vai se divertir muito lá, era o meu passeio favorito quando eu tinha a sua idade. — Piscou enquanto alisava o cabelo da garotinha. Alana sorriu animada e voltou a prestar atenção em seu bolinho de chocolate. 

— E você como está? — Ele encarou Demi e cruzou os braços. — Kristen me contou que você foi parar no hospital e eu fiquei bem preocupado, eu iria passar lá no seu apartamento mais tarde pra saber como você está. 

— A minha pressão subiu mais do que deveria e acabei desmaiando, por pouco não tive um ataque cardíaco. — Falou bebericando seu chá. — Aquele desgraçado só me traz dor de cabeça! — Disse irritada mas logo mordeu o lábio inferior ao lembrar que a sua filha estava sentada bem ali ao seu lado, ela desviou o olhar para Alana e agradeceu mentalmente pela menina estar distraída com sua boneca. 

— Já passou e não vale à pena se estressar com isso, tudo o que você pode fazer é esperar pra ver o que vai acontecer daqui pra frente. 

— As coisas só tendem à piorar e eu sou a única que parece perceber isso. — Suspirou e fitou seu bolo de laranja intacto no prato. — Ele vai me exigir direitos e eu não sei o que eu sou capaz de fazer caso ele... caso ele tente tirá-la de mim, entende? — Alana fitou brevemente a mãe e o tio para depois fitar sua boneca, sobre o que eles estavam falando? 

— Ele não vai fazer isso, não vamos deixar. — Ryan sorriu e colocou uma das suas mãos em cima da mão de Demi. Ela sorriu fraco, desfez gentilmente do toque dele e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. — Vocês vão conversar sobre isso? — Demi deu uma garfada em seu bolo e o encarou. 

— Ele vai querer saber os meus motivos mas não estou pronta pra conversar sobre isso com ele. Eu não sei nem como vou olhar pra ele amanhã. Não quero nem pensar no que vai acontecer. — Demi suspirou encostando suas costa no encosto da cadeira e bebericou seu chá. — Eu só quero que esse pesadelo acabe e tudo volte à ser como era antes, antes dele voltar pra minha vida e virá-la de cabeça pra baixo. — Ryan assentiu entendendo o lado da amiga. Ele sabia como aquela história a deixava irritada e por isso preferiu não tocar mais no assunto. 

— Mamãe, quando terminamos de comer você pode me levar pra brincar no parque? — Alana perguntou fitando as crianças brincando pelo parque. Demi assentiu com um sorriso e limpou a bochecha da menina que estava suja de chocolate. Ao ver a resposta positiva da mãe, Alana tratou de comer seu bolinho e tomar seu suco de morango, assim que terminou, ela desceu da cadeira, segurou sua boneca e sorriu de forma animada para a mãe. — Podemos ir? — Demi riu e assentiu. Ela deu o último gole em seu chá e encarou o amigo. 

— Eu vou levá-la antes que ela tenha um ataque. — Brincou. Demi levantou-se e foi até o caixa pagar pela sua refeição. 

— Vou acompanhá-las. — Demi apenas assentiu e caminhou para fora do estabelecimento ao lado de Ryan. Eles esperaram o fluxo de carro diminuir e atravessaram a rua. Ryan colocou as duas mãos no bolso da calça jeans e observou Alana correr pelo parque animada atrás das outras crianças. — Eu estava pensando e... nós poderíamos sair pra jantar qualquer dia desses, o que acha? — Perguntou juntando toda a sua coragem. Ele não conseguia entender o motivo de Demi não lhe dar uma chance, ele era uma pessoa e tinha muito à oferecer, a questão deles serem amigos não deveria ser um obstáculo. 

— Ryan... 

— Me dê um motivo, Demi. Um motivo para justificar o porquê de você não querer tentar nada comigo, eu poderia ter fazer mais feliz do que esses caras que você fica sem compromisso, tudo o que eu preciso é de uma chance. 

— Ryan, você é meu melhor amigo. Não iria funcionar e a nossa amizade nunca mais voltaria ser a mesma. Não funcionária e acabaríamos machucando um ao outro, você é como um irmão pra mim.

— Eu não quero ser como um irmão pra você, eu quero ser mais do que isso. Eu não estou blefando, nunca falei tão sério em toda a minha vida, eu estou expondo meus sentimentos pra você, por você. — Ryan disse a olhando nos olhos, seu coração batia forte no peito, aquela era a primeira vez que ele demonstrava tão abertamente seus sentimentos. Demi o encarou sentindo seu coração acelerar, ela não queria machucá-lo mas também não iria deixar ele continuar nutrindo aqueles sentimentos por ela. 

— Ryan, eu não estou procurando por um relacionamento. — Disse escolhendo bem as suas palavras. Ela desviou o olhar para olhar a filha brincando com as outras crianças e depois de se certificar que a filha estava segura voltou a encarar o amigo. — E mesmo se eu estivesse, você não seria essa pessoa. Você e Kristen são meus melhores amigos, vocês são como os irmãos que eu nunca tive e a nossa amizade não vai pra frente se você continuar insistindo nisso. Eu vou ficar sem jeito na sua frente e nossa amizade vai acabar esfriando, eu estou falando isso para o seu bem, para o bem da nossa amizade. Por favor, não me cobre o que eu não posso te dar, você vai encontrar alguém que te ame do jeito que que você merece ser amado.

— Tudo bem, Demi. — Respondeu cansado. — Só me responde uma coisa. — Ela assentiu e ele encarou os olhos marrons da melhor amiga. — Você ainda sente... por minimo que seja, alguma coisa pelo pai da Alana? — Demi franziu o cenho e riu de forma irônica sem acreditar no que havia acabado de sair da boca dele. Aquele era um tipo de piada?

— Sinto, sinto raiva, ódio, rancor... está satisfeito? Agora você pode me deixar sozinha? Eu preciso de um tempo com a minha filha sem nenhum problema me cercando. — Disse irritada. Ryan apenas assentiu e deu as costas caminhando de volta para a padaria. Demetria sentou-se em um banquinho disponível e observou a filha, quando era que finalmente teria paz na sua vida? 

Ela passou uma hora e meia naquele parque junto com a filha. Demi gostava de ver Alana interagindo com outras crianças e por isso deixou a filha brincar o restante da tarde com os novos amiguinhos que ela havia feito no parque. Aquele tempo no parque foi bom e permitiu que ela se livrasse do impacto de como as coisas estavam acontecendo rapidamente em sua vida. Quando chegou em casa, ela ordenou que Alana fosse para o banho, a pequena estava toda suja de terra de tanto brincar. Alana obedeceu a mãe e correu para o banheiro. Demi colocou a carteira em cima da mesinha de centro e caminhou para a cozinha lavar as mãos e começar à preparar o jantar.


***

O céu estava alaranjado anunciando o fim do dia. A voz do Ed Sheeran soava baixinho no rádio e Joe batucava no volante conforme a música. Ele estava parado no trânsito de Los Angeles, havia ficado até mais tarde na empresa adiantando seu mais novo projeto, ele estava feliz e satisfeito de como a maior parte da empresa estava cooperando para o andamento do projeto social. O toque do seu celular fez ele desviar o olhar da estrada para atender o aparelho, o nome da sua mãe brilhou na tela e ele fez uma careta sabendo que iria escutar um sermão por ter passado tanto tempo sem ligar. — Alô? — Disse e colocou no viva-voz para dirigir em segurança. 

— Oi meu filho, como você está? — Kelly perguntou. — Você nunca mais deu notícias, eu estava preocupada. 

— Eu estou bem, mãe. Sinto muito por não ligar mas as coisas por aqui estão uma verdadeira loucura, você não acreditaria se eu te dissesse. — Disse imaginando como os pais reagiriam quando ele contasse que tinha uma filha com Demi. 

— Eu liguei pro seu tio hoje de manhã, ele me disse que você está se esforçando muito, eu estou orgulhosa de você, meu amor. — Joe riu baixinho, ele estava quase completando trinta anos e a sua mãe ainda lhe tratava como um bebê. Ele desviou o olhar do celular para o trânsito que estava começando à andar. 

— Como meu pai está? — A relação de Joseph com o pai não era uma das melhores desde que Joseph havia se separado de Sophie. Bruce não havia aceitado a separação do filho e chegou à ameaçá-lo. 

— Ah, querido. — O suspiro triste da mãe não passou despercebido por Joe. Ele franziu o cenho um pouco confuso. — Ele está bem, trabalhando como sempre, você sabe. — Desde quando falar sobre Bruce era um peso pra sua mãe? Havia algo acontecendo que Joseph não conseguia identificar. — Eu estava pensando e... acho que vou tirar uns dias para ir te visitar aí em Los Angeles. O que você acha?

— Eu acho ótimo mas e o seu medo de avião? — Joseph parou o carro em frente ao condomínio que morava enquanto esperava o portão automático abrir para que ele pudesse estacionar o carro em sua vaga. 

— Pelos nossos filhos nós enfrentamos qualquer coisa, você vai entender o que eu quero dizer quando tiver um filho. — Joe não pode evitar o sorriso que nasceu em seus lábios, ele queria contar que tinha uma filha mas aquele não era o momento certo, primeiro ele precisava conversar com Demetria sobre tudo. Não via a hora de encarar Alana e dizer à ela que ele era o pai dela, não via a hora de poder abraçá-la fortemente e protegê-la do mundo. 

— Meu pai vem com você? — Perguntou adentrando com o carro em sua vaga de sempre. Ele se desfez do cinto de segurança e pegou o celular desfazendo o modo viva voz. 

— Seu pai está ocupado com as coisas do hospital, ele não tira férias desde que assumiu o cargo de presidente do hospital, a vida dele gira em torno daquele hospital. — Havia alguma coisa errada entre os seus pais e ele sabia disso! Joseph adentrou no elevador e cumprimentou educadamente as duas mulheres que estavam dentro do elevador. 

— Tem alguma coisa acontecendo entre vocês e a senhora não quer me contar o quê. 

— Isso não é assunto para ser tratado por telefone, Joe. — Ela suspirou, sua voz era de uma pessoa cansada. — Eu preciso ir agora, meu anjo. Tenho um compromisso no hospital, não fique muito tempo sem dar notícias, o.k? Eu me preocupo com você. 

— Eu sinto muito, prometo que não vou demorar tanto pra entrar em contato. — Joe sorriu e saiu do elevador assim que as portas se abriram em seu andar. Ele destrancou a porta do seu apartamento e adentrou retirando os sapatos. 

— Fico mais tranquila em saber disso, eu te amo, filho. 

— Eu também te amo, mãe. — Sorriu e desligou o celular. Selena desceu as escadas e sorriu assim que avistou o melhor amigo jogado no sofá. Ela sentou no braço do sofá e arqueou uma das sobrancelhas, estava ansiosa pra saber como havia sido com Demi na empresa. — O que foi? — Joe perguntou estranhando o olhar de Selena sobre o si, ela revirou os olhos e bocejou. 

— Você e Demetria conversaram? O que ela disse? — Por que as mulheres tinham que ser tão curiosas? Joseph fechou os olhos sentindo o cansaço do dia bater em seu corpo. 

— Ela está de atestado e pelo o que eu a conheço, ela vai fugir de mim e vai resistir essa conversa ao máximo que der. Eu não queria ter que forçar ela à nada, sabe? Eu quero que seja tudo no momento dela mas sei que se eu for esperar por uma iniciativa da parte dela, eu e Alana ficaremos mais cinco anos longe um do outro.

— É uma situação difícil, você precisa manter a calma e mostrar pra Demi que você é uma pessoa melhor. Ela não confia em você e você não vai ganhar a confiança dela só em uma conversa, você vai ganhar a confiança dela em suas atitudes e provando que você se tornou uma pessoa melhor.

— Tudo o que eu realmente consigo pensar é o fato de que eu tenho uma filha e vivi cinco anos longe dela. Eu perdi tanta coisa. — Disse pensativo. Ele havia perdido tantos momentos que os pais consideravam importantes na vida de um filho, a primeira fala, os primeiros passinhos, o primeiro dia na escola, eram pequenos momentos mas que eram muito importantes. Joe suspirou jogando a cabeça para trás e tampou o rosto com as duas mãos. — Minha mãe me ligou e disse que vai vir pra cá passar uns dias, tem algo estranho acontecendo entre ela e meu pai... acho que a situação por lá também não está nada boa.

— Eu também estou indo embora na próxima semana. — Joseph encarou a amiga e franziu o cenho. — Me ligaram da agência hoje e eu tenho um grupo para administrar, vamos sair dos Estados Unidos quinta feira que vem, vou ficar uma semana e meia na Suécia.

— Eu já estou tão acostumado com você aqui.

— Sua mãe vai vir te fazer companhia e eu não posso reclamar, gosto do meu trabalho. Prometo que volto sempre que tiver uma brecha, principalmente agora que eu sei que tenho uma sobrinha. — Joe sorriu feliz e encostou a cabeça no colo de Selena para ser mimado pela melhor amiga. O celular dele vibrou em cima da mesinha de centro, ele esticou o braço e desbloqueou o aparelho. Selena arqueou a sobrancelha ao ver o nome "Blake" aberto no aplicativo de mensagens. — Quem é Blake?

— É a nova arquiteta da empresa, eu fiquei responsável por ajudá-la no que fosse preciso. — Deu os ombros enquanto digitava agilmente.


Apartamento da Demi 
09:10 da noite. 

Como encararia Joseph no dia seguinte? Aquela era a pergunta que ela mais fazia à si mesma desde que havia deitado no sofá com a filha para assistir Procurando Nemo. Demi não sabia o que faria ou como agiria caso ele viesse lhe pressionar, tudo o que ela mais queria era que aquele pesadelo acabasse logo. Sua vida era bem mais fácil sem Joseph nela. Demetria respirou fundo e deu um beijinho nos cabelos loiros da filha. Ela fitou a televisão e franziu o cenho ao ver os créditos subindo na tela, o filme já havia acabado? Alana virou-se para encarar a mãe e sorriu fitando os olhos marrons. — Podemos assistir A Bela e a Fera agora? — Pediu fazendo sua carinha mais fofa, aquele truque era muito conhecido por Demi que negou com a cabeça e deu um beijinho na ponta do nariz da pequena. 

— Nada disso, amanhã você acorda cedo para ir à escola. — Demi sorriu da careta da filha e distribuiu vários beijos pelo rosto da pequena. Ela adorava mimar sua garotinha com vários beijinhos e abraços. — Nada de fazer careta, senhorita. — Alana riu e deu um beijinho na bochecha de Demi. — Vá escovar os dentes, eu vou arrumar essa bagunça e já subo, o.k? — A pequena assentiu e levantou-se junto com Demi. Ela subiu as escadas correndo e Demi riu baixinho, Alana era pequena e o pijama de unicórnio deixava ela a coisa mais fofa do mundo. Demi juntou os copos e os pratos e os levou para a cozinha, ela lavou o pouco de louça que haviam sujado, apagou as luzes e subiu para o quarto. Seu sorriso foi de orelha à orelha ao ver Alana deitada na cama esperando por ela. Demi caminhou até o banheiro, escovou os dentes e voltou para o quarto deitando-se ao lado da filha. — Você está ansiosa para ir ver os bichinhos no zoológico amanhã? — Perguntou adentrando os dedos no couro cabeludo da filha para acariciar.

— Sim, eu estou ansiosa para ver os leões, os ursos e as girafas! — O sorriso de Alana fez Demi sorrir e agradecer mentalmente pela filha maravilhosa que tinha. — As girafas são enormes, não são?

— São sim, elas tem um pescoço bem longo e faz com que a gente se sinta bem pequenina perto delas.

— Você já foi ao zoológico, mãe?

— Uma vez quando eu tinha sua idade. — Demi sorriu com a lembrança e suspirou. Havia sido seu presente de aniversário, depois muito implorar para que seus pais a levassem já que eles passavam boa parte do tempo no hospital. — Seus avós me levaram e foi um dia muito legal. — Disse e esticou o braço para apagar a luz do quarto quando viu a filha bocejar.

— Mamãe?

— Hm? — Demi murmurou

— Eu sei que você não gosta de falar muito sobre isso, mas... pode falar um pouco sobre você e o meu papai? — Demi suspirou profundamente e fechou os olhos brevemente revivendo cada momento que passou ao lado de Joseph, hoje já não doía lembrar daquelas memórias mas ela não gostava e tentava o máximo não reviver aquelas lembranças.

— Nós nos conhecemos em uma festa. O sorriso dele era o mais bonito de toda festa e eu me vi apaixonada por ele no momento em que os olhos verdes dele encarou os meus. — Demi parou brevemente para olhar a filha e sorriu ao ver que a garotinha prestava atenção em cada palavra que ela dizia. — Quando nós nos beijamos pela primeira vez foi uma explosão de sentimentos, eu senti coisas que nunca havia sentido antes e foi muito especial pra mim. Depois disso, nós dois queríamos ficar juntos toda hora, à todo o momento mas meu pai não apoiava a nossa relação então nós fugíamos para ficar juntos. — Sorriu lembrando de todas às vezes que fugiu de casa para ficar com Joe no apartamento dele. — Eu gostava muito de ficar com ele, eu me sentia protegida e segura, capaz de enfrentar qualquer problema.

— E o que aconteceu? — Perguntou sonolenta com os olhinhos fechados.

— Nós ficamos juntos por muitos dias, ele era o meu ponto de paz e eu estava completamente apaixonada por ele, adorávamos ficar deitados abraçados assistindo filmes e namorando. Mas as coisas ficaram difíceis pra nós e acabamos nos separando, foi quando eu descobri que estava grávida de você e tive que vim embora.

— Como é o nome do meu pai? — Demi parou de alisar o cabelo da menina no mesmo instante e fechou os olhos. Tinha como fugir daquela situação? Ela abriu os olhos e encarou a filha sem saber ao certo o que deveria dizer. Mentia ou dizia a verdade?

— Alana...

— Por favor, mamãe.

— Joseph. O nome do seu pai é Joseph. — Como aquelas palavras haviam saído da sua boca, Demi não sabia mas elas foram ditas e não tinha como retirá-las. Demetria mordeu o lábio inferior e franziu o cenho quando viu os lábios da filha se curvar em um sorriso.

— É o mesmo nome do meu amigo Joe. — Alana disse e fechou os olhos se acomodando melhor na cama. Demi respirou fundo e massageou as têmporas não tinha como aquela situação ficar pior. Ela levantou-se cuidadosamente quando viu que a filha estava adormecida e desceu descalça até a sala, ela plugou o notebook na televisão, abriu a netflix e colocou um episódio de friends, precisa distrair sua mente de alguma maneira. Conforme os minutos iam passando, Demi sentia suas pálpebras pesarem, ela acomodou-se melhor no sofá e fechou os olhos se entregando ao sono.


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queria muito deixar o capítulo maior mas eu não tive nenhuma ideia e não queria demorar mais pra postar pra vocês, sinto muito pela demora mas estava passando uns dias em uma cidadezinha pequena e não tinha como escrever. enfim, respostas aqui | vou começar à escrever o próximo agora mesmo, beijos meus amores, até o próximo capítulo. 


fada cubana 

07/01/2018

18. Memories Hurt


Joseph adentrou em seu apartamento, tirou seu paletó e jogou de qualquer jeito em cima do sofá. Sua cabeça parecia que ia explodir em qualquer momento. Ele colocou a carteira em cima da mesinha de centro e desfez o nó da sua gravata. Joe sentou-se no sofá, apoiou os cotovelos no joelho e cobriu o rosto com as mãos. Sua mente não parava por um minuto desde que havia escutado as palavras de Demetria. Joseph nunca vai saber que Alana é filha dele. Aquelas palavras se repetiam várias e várias vezes em sua cabeça e ele se perguntava como deixou que tudo aquilo passasse tão despercebido. — Até que fim você apareceu, eu passei o dia todo procurando por você, fui na empresa, liguei pro seu celular... aonde diabos você estava? Eu preciso falar algo sério com você. — Selena disse adentrando na sala com um copo de suco verde nas mãos, ela sentou-se no braço do sofá e encarou o melhor amigo.  

— Selena agora não. Eu acabei de descobrir que eu tenho uma filha, Demi foi parar no hospital e eu estou fodidamente abalado com tudo o que está acontecendo. Eu não estou com cabeça pra ouvir suas histórias. — Selena arregalou os olhos. Então Demetria havia contado? Ela suspirou e colocou uma mecha dos cabelos atrás da orelha.

— Como você descobriu? — Perguntou curiosa. Joseph respirou fundo e a encarou com uma das sobrancelhas arqueadas. Ela sabia de alguma coisa?

— Você sabia? — Franziu o cenho e fitou os olhos de Selena atentamente. Selena colocou o copo de suco em cima da mesinha de centro e assentiu com um longo suspiro. — Você sabia dessa merda toda e não me contou nada? — Ele não queria acreditar que até Selena sabia que ele tinha uma filha. Todos sabiam daquilo e esconderam dele?

— Eu desconfiei quando você me disse que Demi tinha uma filha. Eu não queria te contar nada porque eu não tinha certeza, no jantar beneficente eu confrontei Demi no banheiro e ela acabou confirmando que a garota era sua filha, eu disse que ia contar mas ela me ameaçou então eu dei um prazo pra ela. Eu disse que ela tinha até o final da semana para te contar, se ela não tivesse contado eu iria contar, eu queria que você descobrisse isso da boca dela.

— Você deveria ter me contado no momento em que começou a desconfiar. Eu tinha o direito de saber.

— Eu não ia jogar as minhas desconfianças em cima de você, não ia mesmo. Olha só pra você, você é impulsivo e faz as coisas sem pensar, se eu tivesse te contado sobre as minhas dúvidas você iria bater lá na porta dela que nem um idiota, como fez da primeira vez que descobriu que ela tinha uma filha. — Selena disse exaltada levantando do sofá, não deixaria Joseph jogar a culpa em cima dela, não mesmo.

— Eu descobri por acaso. — Joseph encarou seus pés e suspirou enquanto pensava em toda aquela situação. Demetria era a única que conseguia virar seu mundo de cabeça para baixo em poucos meses de convivência.  — Ela estava discutindo com uma amiga na sala dela, eu fui buscar a assinatura dela e acabei ouvindo. Demetria não iria me dizer nada, ela iria continuar escondendo de mim e sabe-se Deus até quando. Ela não viu que eu estava atrás dela e disse com todas as letras que Alana era a minha filha, eu acabei surtando e a pressão dela subiu, ela desmaiou e eu a levei para o hospital. — Selena sentou-se no braço do sofá novamente e acariciou as costas de Joe, mostrando que ela estava ali ao lado dele. — Eu tenho uma filha, Selena. — O sorriso que nasceu nos lábios de Joe foi tão bonito que Selena podia jurar que nunca havia visto Joseph sorrir daquela maneira. — Ela é a garota mais linda e encantadora que eu já vi em toda a minha vida, quando ela chegou no hospital, meu mundo se iluminou de uma maneira inexplicável, os olhos dela são iguais aos meus. Eu quero tanto fazer parte da vida dela, eu não acredito que perdi cinco anos da vida da minha própria filha.

— Você vai fazer parte da vida dela, Joe. Agora que você sabe não há nada que Demetria possa fazer pra impedir que você se aproxime, você tem direitos.

— Nós ainda vamos conversar sobre tudo, eu quero saber os motivos pelo qual ela escondeu isso de mim. — Ele disse e Selena assentiu. — Eu não consigo entender os motivos dela, eu posso ser o cara mais filho da puta que existe mas jamais rejeitaria um filho.

— Eu não sei os motivos dela mas quando vocês forem ter essa conversa pega leve com ela, o.k? Demetria não deveria ter escondido uma gravidez de você mas ela ainda sente muita mágoa de tudo o que aconteceu e o que ela menos precisa é de alguém julgando ela. — Selena disse calmamente. Ela entendia o lado do melhor amigo mas também entendia o lado de Demetria.

— O que vocês acham que eu sou? Um monstro? — Perguntou de forma irônica e Selena revirou os olhos. — Eu não vou julgá-la e nem apontar o dedo na cara dela, eu só quero saber e entender os motivos dela. — Joe levantou-se e abriu os botões da sua camisa social. — Eu vou tomar um banho, já tive demais por hoje e tudo o que eu quero agora é descansar. — Selena apenas assentiu e Joseph subiu as escadas em direção ao seu quarto. Ele retirou seus sapatos social, suas meias e deixou em um canto no quarto, Joe retirou sua camisa e adentrou no banheiro, terminou de despir e adentrou na ducha morna.

Flashback on

As ruas de Chicago estava pouco iluminada aquele horário da manhã. Joseph guiava sua moto acima da velocidade permitida para aquela rodovia e com certeza levaria uma multa no dia seguinte. Ele havia deixado a própria festa de noivado assim que recebeu o recado de Demi dizendo que precisava conversar urgentemente com ele. Joe estacionou a moto em frente à casa dela e estranhou todo aquele silêncio e escuridão, seu coração batia rápido no peito e ele sentia que havia algo de errado. Joseph respirou fundo, subiu os três degraus da varanda e tocou a campainha. Enfrentaria quem fosse preciso para vê-la e saber se ela estava bem. — Seu desgraçado, eu vou te matar. — Foi tudo o que Joseph ouviu antes de sentir o soco no olho fazendo ele cambalear para trás. — Você estragou a vida da minha filha, seu playboyzinho de merda. — George disse se aproximando e segurando Joe pela gola da camisa social. 

— Eu quer vê-la! — Joe disse tentando se soltar porém George era mais alto que ele e mais forte também. — Eu a amo. 

— Vai embora da minha casa agora, seu merda. Vai embora ou eu vou acabar com você, nunca mais pise seus pés aqui atrás da minha filha, nunca mais, está me entendendo? NUNCA MAIS! — Disse dando outro soco no maxilar de Joseph. George o soltou bruscamente e adentrou em casa batendo a porta com força!

Flashback off



Joe retirou a espuma do cabelo, desligou o chuveiro e buscou pela toalha. Ele secou-se e saiu do banheiro, aquele era o motivo pelo qual Demetria havia sumido da noite pro dia, seu pai havia lhe mandado embora porque ela estava grávida! Joseph vestiu sua samba-canção e se jogou na cama, as palavras de Demi se repetiram várias e várias vezes em sua mente. "Só eu sei o que eu passei por causa do Joseph, só eu sei o quanto eu lutei pra chegar aonde eu estou e o preconceito que eu tive que enfrentar por estar grávida aos dezessete e ainda por cima ser mãe solteira. Enquanto eu passava por tudo isso aquele desgraçado estava levando uma vida de rei." A culpa não era dele, era? Se ele soubesse que Demetria estava grávida jamais teria rejeitado um filho, poderia ser o maior vagabundo da história mas jamais faria aquilo com ela.


Apartamento de Demi, 02:30 da noite



Demi colocou o chá de erva cidreira em uma xícara grande e respirou fundo encarando um ponto qualquer da cozinha. Kristen e Kim só haviam ido embora após se certificar que estava tudo bem com ela. Kristen queria passar a noite junto com a melhor amiga mas entendeu que Demi queria ficar sozinha e por isso respeitou o espaço dela. Alana já estava dormindo no quarto da mãe, elas jantaram, assistiram filmes e a pequena acabou pegando no sono. Como havia dormido boa parte da tarde no hospital, Demetria estava sem sono. Ela pegou sua xícara de chá e deu um gole enquanto caminhava em direção à sacada do seu apartamento. Demi sentou-se em uma das cadeiras que havia ali e encarou o céu escuro iluminado por uma lua redonda. Ela ainda não acreditava que Joseph havia descoberto a verdade, sentia-se perdida e sem saber o que fazer, qual decisão tomar. Algo em seu coração lhe alertava que isso iria acontecer desde o momento que o viu sentado na sala de Adam, ela só não esperava que fosse tão cedo e que a pegaria de maneira tão despreparada.

Flashback on


Aqueles com toda certeza do mundo eram os cinco minutos mais demorado de toda a sua vida. Demi estava sentada no chão do banheiro e roía suas unhas sem parar. Haviam dois testes de gravidez recém feitos em cima da pia e ela não tinha coragem de olhar o resultado. Sandra, sua empregada, havia comprado os testes na farmácia e a esperava do lado de fora do banheiro. — Querida, está tudo bem ai? — Sandra perguntou preocupada estranhando todo aquele silêncio. Demi havia acabado de chegar da casa de Joseph após passar todo o final de semana com ele, o cheiro forte do peixe assado foi o suficiente para que Demi corresse para o banheiro e contasse sobre suas suspeitas para Sandra, 

— Eu estou esperando. — Disse mordendo o lábio inferior. Demi respirou fundo, seu coração batia forte no peito e suas pernas tremiam, ela levantou-se e encarou os dois testes. Estava clareando... clareando... clareando... POSITIVO! Demi sentiu as lágrimas descerem livremente pelas bochechas, suas mãos tremiam tanto que ela deixou um dos testes cair no chão e por pouco ela não caiu também. Demi destrancou a porta do banheiro e sentou-se no chão frio porque tinha certeza que se ficasse em pé cairia em qualquer momento. E agora? O que ela faria da sua vida? Só tinha dezessete anos, seus pais iriam lhe matar. — O que eu faço? — Sandra encarou Demi e sentiu o coração bater acelerado no peito. O olhar perdido de Demi era de dar dó, pobre menina.

— Primeiro você vai respirar fundo e manter a calma. — Sandra disse calmamente abaixando-se perto de Demi. — Você vai conversar com o garoto, explicar o que aconteceu e juntos vocês vão dizer para os seus pais o que houve. Vocês erraram e vão ter que arcar com a consequência do erro de vocês juntos. — Falou. Ela abraçou Demi pela cintura e sentiu as lágrimas dela molhar sua blusa branca.

— Eu e Joseph nem estamos oficialmente juntos... como eu vou falar isso pra ele? Meus pais vão me matar, Sandra. Eu acabei com a minha vida, eu estou com medo. — O soluço saiu alto e Demi se desesperou ainda mais ao perceber o tamanho do problema que ela havia se envolvido. Ela estava grávida, tinha um serzinho crescendo dentro da barriga dela e aquilo era muito assustador!

— Demi, você não fez esse filho sozinha. Esse Joseph tem que arcar com as consequências assim como você. Ele é tão responsável quanto você, você não tem que levar essa situação sozinha em suas costas, vocês precisam enfrentar essa situação juntos, entendeu? Se ele gosta de você de verdade, ele não vai te abandonar.

Flashback off



Demi riu de maneira irônica e limpou as lágrimas que desciam pela sua bochecha. Juntos. Era assim que eles deviam ter enfrentado toda aquela situação, juntos parecia ser algo bom naquela época mas agora era revoltante. Ele não estava ao lado dela quando ela mais precisou e agora ele voltava exigindo direitos sobre sua filha? Filha na qual ela havia criado sozinha sem ajuda de ninguém. Joseph estava muito enganado se pensava que ela entregaria sua filha à ele tão facilmente. Demi bebericou seu chá e se alisou seus braços em uma tentativa inútil de se aquecer.


Flashback on


Demi estava deitada em sua cama, abraçada ao seu ursinho de pelúcia, as lágrimas desciam pelo seu rosto e ela nem percebia. O que seu pai faria com ela? A porta do quarto foi aberta bruscamente. George guardou o celular dentro do bolso da calça social e encarou as duas malas que havia perto da cama da filha. — Desce agora. — A voz dele não era nada amigável. Demi levantou-se rapidamente secando as lágrimas e obedeceu o pai, ela o seguiu até a garagem e adentrou no carro quando ele mandou.

— Pra onde você está me levando? Eu não quero ir! — Disse desesperada. Aquele homem que estava em sua frente não era seu pai, seu pai era um homem carinhoso, não aquele monstro que estava lhe forçando à fazer coisas que ela não queria.

— Você não queria viver livre de nós? Viver jogada por aí curtindo a sua liberdade? — A voz de George esbanjava ironia. Quando ele assentiu com a cabeça para o motorista, Demi sentiu o coração acelerar e o desespero tomar conta de si. Sua mãe estava do lado de fora e olhava pra ela com os braços cruzados e lágrimas nos olhos. — Você é uma vergonha pra mim, eu não quero sujar meu nome por causa de uma vagabunda egoísta que não escutou os concelhos dos pais. Você vai ficar com seus avós no Texas até a criança nascer e depois você vai viver por conta própria, vai se virar pra cuidar dessa criança que você tanto quer colocar no mundo. Não conte comigo e com a sua mãe, a partir de hoje você não tem mais pais, a partir de hoje você é sozinha no mundo.

— Mamãe, por favor. — Demi pediu encostando as mãos no vidro do carro. Seu coração doía tanto e ela não sabia se era por estar sendo abandonada pelos pais ou por ouvi-lo chamar de vagabunda. — Eu sinto muito, eu não queria decepcionar vocês, por favor, não me deixe ir. — Pediu entre soluços. — Eu estou implorando... por favor. — O motorista deu partida no carro antes mesmo de Clarice se aproximar para se despedir da filha.

Flashback off

Aquelas lembranças eram tão dolorosas, só ela sabia o tanto que sofreu pra criar sua filha. Ninguém acreditou que ela poderia criar a sua filha sozinha, que ela poderia dar uma boa educação pra sua menina, ninguém acreditou que ela seria capaz de construir um lar. Hoje ela estava quase formada na faculdade, trabalhava em uma das maiores construtoras de Los Angeles, tinha um carro que havia comprado com suas economias e morava em um bom condomínio no centro de Los Angeles. Era capaz de dar uma boa educação para sua filha e ainda pagar aulas de balé para ela. Tudo o que havia conquistado foi com muito esforço e luta, hoje ela conseguia provar para todos que duvidaram dela que ela era capaz. 

Demi respirou fundo e levantou-se, ela adentrou no apartamento, fechou as portas de vidro que dava acesso à varanda e colocou a xícara de chá já vazia em cima da pia. Demetria apagou todas as luzes do andar de baixo e subiu em direção ao seu quarto. Alana dormia profundamente abraçada à um ursinho de pelúcia, Demi sorriu e depositou um beijinho na testa da filha. — Eu te amo muito, meu amor. — Disse cobrindo melhor a menina com o edredom branco. Ela fez um coque no cabelo e adentrou no banheiro, escovou os dentes e voltou para o quarto, deitou-se na cama ao lado da filha e apagou o abajur. 


Flashback on


Ser mãe não era nada fácil, ainda mais quando você não tinha ninguém para te ajudar. Eram três horas da manhã e Demi caminhava de um lado para o outro com a pequena Alana nos braços. A menina havia acordado há quinze minutos e desde então não parava de chorar. Demi já havia tentado de tudo, já havia medido a temperatura, já havia oferecido mamadeira, já havia verificado se ela estava com cólica, até canções de ninar ela cantou mas nada fazia a menina parar. O que ela tinha? Demi colocou Alana na cama e o choro da menina ficou ainda pior. Demi respirou frustrada e sentiu as lágrimas descerem pelas bochechas, aquela situação era tão frustrante. O choro de Alana era tão estridente que fazia sua cabeça latejar. — O que você quer? — Perguntou sem paciência alguma. O som da campainha ecoou pelo apartamento e Demi bufou ainda mais irritada, quem era aquela hora da manhã? Ela desceu as escadas com Alana no braço, colocou a menina no cercadinho que ficava no meio da sala e abriu a porta. — Posso ajudá-la? — Demi perguntou encarando Helena, a velha fofoqueira do prédio.

— Eu quero que você faça essa menina parar de chorar, são três e meia da manhã e eu sou uma senhora de idade, preciso ter uma boa noite de sono e não consigo com essa criança aos berros no meu ouvido.

— Eu sinto muito mas eu já tentei de tudo, eu não sei o que ela tem. — Demi disse desesperada encarando Alana que chorava sentada dentro do cercadinho.

— Se nem você sabe o que a sua filha tem, imagine eu. Faça ela parar de chora, oras. Quem mandou ir arrumar filho cedo? Agora arque com as consequências, na hora de ficar com vários homens diferentes você foi muito esperta, faça essa menina parar de chorar ou uma multa por perturbação chegará pra você amanhã. — A senhora disse e deu as costas adentrando no elevador. Demi deixou que mais lágrimas de frustração descesse pelas bochechas, ela era uma péssima mãe.

— Demi, querida. Você precisa de ajuda? — Kim perguntou saindo de seu apartamento amarrando seu roupão. Demi assentiu e deu espaço para a mulher adentrar no apartamento. — O que ela tem? — Perguntou se aproximando. Ela pegou a pequena Alana no colo e acariciou o cabelo da menina.

— Eu não sei... ela não para de chorar desde que acordou, eu já tentei de tudo, eu estou tão cansada. — Disse com a voz embargada, ela estava estressada e sua cabeça latejava. As olheiras eram perceptíveis e Demi parecia estar exausta.

— Eu acho que são os dentinhos que irão começar à nascer. — Kim disse balançando Alana delicadamente. A menina encostou a cabeça no ombro da mulher mais velha e soluçou, aos poucos pequena foi cessando o choro. A respiração da menina chegava à estar ofegante de tanto chorar e o rostinho vermelho. — Quando ela acordar chorando você precisa manter a calma, se você se desesperar e ficar nervosa ela vai sentir e vai acabar ficando nervosa também, entende? O segredo é manter a calma e não se importar com o que as pessoas vão dizer. — Kimberlly sorriu e depositou um beijinho na testa de Alana, a menina fechava os olhinhos e abria, estava começando à pegar no sono. — Eu fui mãe aos dezesseis anos, Demi. Não é fácil, as pessoas vão nos julgar mesmo sem saber o que de fato aconteceu, eu sei que é difícil mas não se importe com o que Helena disse, ela é uma fofoqueira que gosta de espalhar fofocas da nossa vida por aí. — Demi assentiu e sorriu aliviada ao ver Alana dormindo, a pequena chegava à suspirar entre o sono. — Vou colocá-la no berço.

Flashback off



O que seria de Demi se não fosse Kimberlly para ajudá-la em todos os momentos? Tudo o que sabia sobre ser mãe, havia aprendido com Kim e ela era imensamente grata à Deus por ter colocado Kim e Kristen em sua vida, ela amava aquelas duas mulheres como se fosse sua mãe e sua irmã. Não sabia o que seria de si sem aquelas duas para ajudá-la sempre que necessário, para lhe apoiar em todas as decisões e estar ao seu lado nos piores momentos. Demi sorriu agradecida e fechou os olhos abraçando Alana com força, o sono estava cada vez mais perto e ela permitiu-se descansar.


DIA SEGUINTE
Apartamento da Demi, 11:30 da manhã

Estar de atestado médico foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Ela não estava preparada para encarar Joseph e não sabia se estaria preparada tão cedo, aquela situação toda era tão complicada, ela sabia que em algum momento teria que sentar com ele e conversar sobre tudo o que aconteceu mas sua vontade era de largar tudo e ir embora pra bem longe, aonde ninguém jamais lhe encontraria. Aquela situação toda era um saco e ela não fazia ideia de como iria administrar tudo o que estava acontecendo, Joseph estava de volta em sua vida em menos de dois meses e já havia virado seu mundo de cabeça pra baixo. — Maldito. — Praguejou baixinho e terminou de arrumar sua cama. O apartamento não tinha muita bagunça, Alana não era uma criança bagunceira, ela sabia brincar e guardar os brinquedos no lugar certo. Demi pegou as roupas que havia separado para lavar e desceu até a lavanderia, colocou as roupas na lavadora e ligou a  máquina.

Demi caminhou até a porta assim que ouviu o barulho da campainha, ela abriu a porta e franziu o cenho ao ver Kristen parada com um buquê de margaridas coloridas nas mãos. Demi deu passagem para ela adentrar no apartamento e fechou a porta. — Chegou pra você lá na portaria. — Avisou e entregou o buquê para Demi. — Eu já imagino de quem seja. — Murmurou com um sorriso malicioso no rosto. Demi abriu o envelope que estava no meio das flores e sorriu mordendo o lábio inferior.

Eu espero que você esteja melhor. 
tenha uma boa recuperação, 
com amor,
Wilmer. 


Demi suspirou e caminhou até a cozinha para colocar as flores em um jarro. — Ele é muito fofo, não acha? — Kriste perguntou sentando em volta do balcão. Demi arqueou uma das sobrancelhas encarando a amiga que apenas riu e deu os ombros, ela havia lido o bilhete. — Eu não resisti. — Sorriu de forma angelical e Demi revirou os olhos enquanto buscava a jarra para colocar as flores. — Como você está se sentindo?

— Eu estou bem, estou seguindo todas as recomendações do médico e estou tomando chá de erva cidreira duas vezes ao dia. — Disse após colocar as flores num jarro de cristal, ela abriu o armário e o encarou pensando no que deveria preparar para o almoço. Queria comer algo saudável, não queria colocar sua saúde em risco.

— E como você está se sentindo sobre tudo o que está acontecendo? — Kristen levantou e caminhou até Demi para ajudá-la a preparar o almoço. Demi era uma mulher forte e que raramente demonstrava fraqueza mas Kristen a conhecia e sabia que por dentro a amiga estava apavorada com a rapidez que as coisas estavam acontecendo.

— Eu realmente não sei definir como me sinto sobre tudo isso, sabe? Tanta coisa aconteceu e vem acontecendo ultimamente que só de pensar eu sinto que a minha cabeça vai explodir. Eu não estou preparada para conversar com Joseph sobre tudo o que aconteceu e nem sei se um dia eu vou estar, a única coisa que eu realmente sei é que se Joseph vir exigir algum direito sobre a minha filha, eu vou matá-lo.

— Você deveria conversar com ele, Demi. Joseph já descobriu tudo e você não tem pra onde correr, ele vai querer saber o que aconteceu e os seus motivos. Ele e Alana já tem uma ligação forte, ela ficou tão feliz quando o viu ontem no hospital, ele até chorou. — Demi bufou e revirou os olhos em saber que sua filha esteve com Joseph no dia passado. Ela só não sabia se sentia raiva ou ciúmes. — Tem Wilmer também, vocês estão ficando e eu tenho certeza que ele vai querer saber o que aconteceu.

— Eu nem sei se as coisas com Wilmer vão continuar. — Murmurou pensativa enquanto retirava os brócolis da geladeira para cozinhar. Kristen parou de cortar os legumes e encarou a amiga com uma das sobrancelhas arqueadas. Demi ligou o fogo e colocou a panela com água para ferver. — Ontem eu refleti bastante sobre a minha vida, sabe? Eu não posso trazer ninguém pra minha vida com essa bagunça toda. Eu não quero encher Wilmer de esperança e depois machucá-lo, ele é uma pessoa tão boa e não merece isso.

 — Eu entendo e concordo com você mas se ele for a pessoa certa, vai entender toda essa confusão e te apoiar acima de qualquer coisa. Se ele for a pessoa certa, ele vai lutar por você. — Disse enquanto lavava o arroz para depois colocá-lo na panela. — Você acha que as coisas com ele vão dar certo? Você sente algo por ele?

— Eu não sei, é muito recente pra definir o que eu sinto, ele é meu amigo e eu já sentia um carinho por ele antes disso tudo começar acontecer, é muito confuso. — Kristen assentiu e Demi virou-se para verificar os brócolis que cozinhava em uma panela. — Eu tenho que pensar na minha filha primeiro antes de tomar qualquer decisão. Ela é a minha prioridade e toda decisão que eu tomar vai atingi-lá de alguma forma. Isso serve tanto para Wilmer quanto para Joseph. As pessoas acham que só porque Joseph descobriu sobre Alana eu vou deixá-lo entrar na vida dela tão facilmente.

— E você não vai? — Kristen franziu o cenho e virou-se para encarar a amiga melhor.

— Claro que não. Joseph mentiu pra mim durante todo o nosso relacionamento, como eu posso confiar em alguém que mentiu, que me usou da maneira mais baixa possível? Eu não sei que tipo de homem Joseph se tornou, não sei se ele ainda usa substâncias ilícitas, eu não sei nada sobre ele... Eu não confio nele. — Disse ao fitar as horas no relógio de parede da cozinha. — Eu preciso ir buscar Alana na escola, você vai ficar?

— Vou terminar de preparar o almoço. — Demi assentiu e subiu para o quarto para trocar de roupa já que ela ainda estava vestindo pijama. Ela vestiu um vestido de verão preto de alcinha, e calçou uma rasteirinha, pegou as chaves do carro e desceu.

— Volto em menos de vinte minutos. — Avisou. Demi fechou a porta do apartamento e chamou o elevador. Assim que as portas se abriram ela deu de cara com Helena, a fofoqueira. Demi adentrou no elevador e como sempre sentiu o olhar da senhora sobre si. Ela tirou o celular do bolso traseiro e respondeu as mensagens pendentes de Bella. O elevador abriu as portas no estacionamento e Demi caminhou em direção à sua vaga, desativou o alarme do carro e adentrou dando partida. O trânsito naquele horário estava tranquilo e isso fez com que Demi chegasse na escola em que Alana estudava em menos de dez minutos. Ela estacionou o carro em frente à escola e desceu.

Demi cumprimentou alguns funcionários que trabalhavam na escola e caminhou até a sala da filha. Assim que chegou ela cumprimentou alguns pais que estavam na porta e franziu o cenho ao ver Alana sentada em um canto afastado dos demais alunos, ela estava com a cabeça baixa e fitava os próprios pés. — Alana Lovato. — A professora substituta a chamou e a pequena levantou-se colocando a mochila nas costas.

— Aconteceu alguma coisa? — Demi perguntou estranhando o comportamento da filha. Eram poucas as vezes que Demi ia buscá-la na escola mas quando ia sempre encontrava Alana brincando com os outros alunos e conversando bastante já que a pequena era comunicativa.

— Alana se envolveu em uma briga hoje no parquinho. — Demi franziu o cenho e desviou o olhar da professora substituta para encarar Alana que ainda estava cabisbaixa. — Ela empurrou uma coleguinha do escorregador, não aconteceu nada grave com a menina, ela apenas ralou o joelho. — Demi encarou a filha, Alana não era uma menina agressiva. — Ela pediu desculpa mas peço que você converse com ela quando chegar em casa.

— Nós vamos conversar. — Demi disse e segurou uma das mãos de Alana. Ela se despediu da professora substituta e caminhou para fora da escola. Demetria desativou o alarme do carro e abriu a porta do passageiro para Alana sentar, ela fechou a porta e deu a volta adentrando no banco do motorista. — Quando chegarmos em casa eu quero saber os seus motivo. — Lana assentiu e Demi deu partida no carro enquanto a voz do Sam Smith soava baixinho no rádio.

O caminho até o apartamento foi silencioso. Demi adentrou no apartamento e inalou profundamente o cheiro de comida recém-preparada de Kristen. Kristen adentrou no corredor mas parou e deu dois passos para trás quando viu o olhar de Demi sobre Alana. — Por que você empurrou sua colega de classe do escorregador, Alana? — Demi perguntou séria cruzando os braços. Alana sentou-se no sofá e suspirou tristonha.

— Ela estava me perturbando. — Alana disse pela primeira vez encarando a mãe. Kristen estava parada na porta da cozinha bebendo um copo de suco, quando Demi estava conversando seriamente com Alana ela não se intrometia. — Ela disse que meu pai não gostava de mim e por isso foi embora e nunca mais voltou. — A tristeza na voz da filha foi como um soco no estômago de Demi. Ela respirou fundo e encarou a melhor amiga brevemente. Ela se aproximou de Alana e se abaixou. — Eu já estava cansada dela falar essas coisas pra mim e eu a empurrei pra ver se ela parava.

— Alana, nós não devemos resolver nossos problemas com violência. Você já me viu empurrando ou batendo em alguém pra resolver alguma coisa? — Alana negou com a cabeça. — Eu não quero você batendo ou empurrando ninguém, isso serve tanto pra escola quanto no balé, está me entendendo? Você não tem exemplo disso dentro de casa.

— Estou. — Demi se aproximou da filha e suspirou.

— Dessa vez vai passar mas da próxima vez que eu ouvir alguma reclamação sua desse tipo, você irá ficar de castigo, entendido? E amanhã você vai se desculpar novamente. — A garotinha apenas assentiu. — Venha cá. — Demi sentou-se no sofá e puxou Alana para sentar-se em seu colo. — O que essa menina disse sobre o seu pai não é verdade. — Um pequeno sorriso se abriu nos lábios da menina e ela encarou a mãe. Demi sabia que Alana adorava quando ela falava sobre o pai. Era raro os momentos que isso acontecia mas a menina sempre ficava feliz quando acontecia. — Quando seu pai viajou, eu estava grávida e ele não sabia... — Disse escolhendo bem as suas palavras. — É por isso que ele não liga, entende? Porque ele não sabe sobre você... mas eu prometo que eu vou conversar com ele e quando tudo estiver resolvido vocês vão se conhecer e ele vai te amar muito no momento em que abraçá-la.

— Você promete? — Alana perguntou com um enorme sorriso nos lábios e Demi assentiu com os olhos marejados. — Promessa de dedinho? — Perguntou levantando o dedo mindinho. Demi riu e beijou a bochecha da filha.

— Promessa de dedinho. — Sorriu e entrelaçou os dedos mindinhos dando um beijinho logo em seguida.

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ei, como vocês estão?
eu estou bem e muito  feliz por volta com mais um capítulo... me digam o que acharam nos comentários, o.k? sobre os flashbacks: a demi vai explicar um por um detalhadamente em breve... quando ela for ter a tão esperada conversa com joseph, ah eu estou bem ansiosa
e mais um personagem está entrando para a fanfic: se quiser conhecê-la é só clicar aqui... e a mãe da kristen também vai começar à aparecer com mais frequência.
repostas dos comentários anteriores aqui e aqui
pessoal, eu ainda estou planejando direitinho a "nova" fanfic e quero pensar direitinho sobre começá-la postar porque não quero ter que desistir no meio do capítulo, entendem? mas assim que eu tiver uma decisão definida eu venho falar com vocês, enfim, por hoje é isso.
espero que gostem do capítulo, volto assim que der com o próximo