23/02/2018

23. Let You In


O quarto estava sendo iluminado apenas pelo abajur. Os corpos estavam suados e a única coisa possível de ser ouvir dentro daquele quarto era os gemidos e o barulho dos corpos se chocando um contra o outro. Demi fechou os olhos e mordeu fortemente o lábio inferior tentando conter o gemido alto que queria escapar de seus lábios quando Wilmer segurou sua cintura fortemente lhe ajudando com os movimentos. Não demorou muito para que Demi chegasse ao seu limite. Ela caiu sobre o peito de Wilmer e suspirou satisfeita sentindo seu coração bater acelerado no peito. Wilmer puxou o lençol para cobri-los e beijou levemente os lábios de Demi quando ela se inclinou sobre ele. O jantar havia sido divertido, eles comeram comida mexicana, típica do lugar aonde Wilmer havia nascido e tentaram assistir um filme que resultou em beijos e mãos bobas passeando por todo o corpo. — Você está cansada. — Wilmer disse acariciando a cintura de Demi. Ela fechou os olhos apreciando o carinho e levou uma das mãos até o rosto dele para acariciar. 

— Foi um dia cansativo. — Era bom estar nos braços dele e sentir o carinho e a atenção que ele dava especialmente a ela. — Mas eu preciso ir para casa ainda hoje. — Disse abrindo os olhos para encará-lo. Ela tinha uma filha e jamais deixaria sua menina dormir sozinha em casa para dormir com alguém. 

— Eu entendo. — O bom de estar com Wilmer era que ele não lhe pressionava a nada. Ele respeitava as decisões dela e não a julgava. — Toma pelo menos um banho comigo antes de ir? — Tinha como recusar depois daquela carinha fofa que ele fez? Demi riu e assentiu com a cabeça, ela ergueu a cabeça e roçou seus lábios em um selinho e em seguida aprofundou o beijo. Eles separaram o beijo com selinhos e caminharam até o banheiro abraçados. — Vem. — Wilmer disse já dentro do box. A água estava morna e agradável, Demi segurou a mão de Wilmer e adentrou no box.

— Sabe que eu te achei meia cabisbaixa quando eu fui te buscar? — Disse após alguns minutos em silêncio. Demi suspirou assentindo e ergueu a cabeça para olhá-lo. Os cabelos estavam presos em um coque alto para não molhar. — Aconteceu alguma coisa? — Wilmer esticou o braço para alcançar o sabonete líquido e a esponja.

— Os mesmos problemas de sempre. — Deu os ombros e pegou a esponja da mão dele para ensaboá-lo. — Alana viu Joseph hoje no parque e correu atrás dele, por pouco ela não foi atropelada... eu fiquei tão atordoada que a coloquei de castigo e proibi ela de falar com Joseph sem a minha permissão. Eu sinto que peguei pesado, mas é só medo de perde-la. Ela nem conhece ele e já é tão apegada.

— Ele é o pai dela e isso é algo justificável, creio que quando você contar para ela, os primeiros dias serão assim... ela vai querer ficar com ele o dia todo, o tempo todo. É normal, Demi. Ela cresceu sem o pai e assim que souber que Joe é o pai dela, ela vai querer aproveitar o tempo perdido, isso não significa que ela te ama menos. Você é a mãe dela, ela nunca vai deixar de te amar.

— Eu sou uma boba por estar estragando o nosso momento com essas besteiras. — Disse começando a passar a esponja pelo abdômen dele descendo pela barriga e subindo para os ombros largos. — Eu gostei muito da nossa noite, Wil. — Disse o olhando nos olhos. Wilmer fazia ela esquecer os problemas que lhe cercavam e lhe dava o carinho que ela tanto sentia falta, ela gostava disso. Wilmer esbanjou um sorriso de lado e segurou Demi pela cintura.

— Não precisa agradecer, querida. — Wilmer falou perto de seu ouvido fazendo ela se arrepiar. Demi mordeu o lábio inferior e fechou os olhos quando Wilmer beijou seu pescoço. Ela apoiou as mãos no peitoral dele e deixou que ele a beijasse lentamente.


O caminho para casa estava sendo agradável. John Mayer estava tocando baixinho no rádio e o clima estava agradável, apesar do silêncio. Wilmer virou o carro na rua em que dava acesso ao condomínio em que Demi morava e estacionou o carro em frente ao portão. Demi se desfez do cinto e virou-se para olhá-lo. — Obrigada por tudo, eu gostei muito de passar esse tempo com você. — Sorriu e acariciou a bochecha dele. — Nos vemos na empresa? — Wilmer assentiu com um sorriso e se inclinou para beijá-la. Ela fechou os olhos e retribuiu o beijo na mesma intensidade. — Cuidado, ok? Quando chegar me manda uma mensagem. — Pediu assim que separou o beijo. Wilmer sorriu com a preocupação dela e depositou um beijinho no ombro dela.

— Até mais, querida. — Demi beijou-lhe na bochecha e saiu do carro com sua bolsa. Ela adentrou no prédio, acenou para ele e virou as costas a caminho do elevador. Demi respirou fundo sentindo o coração acelerado no peito. Pelo espelho do elevador era possível ver o sorriso bobo estampado nos lábios, Demi suspirou e saiu do elevador quando as portas se abriram no seu andar. A sala estava sendo iluminada apenas pela televisão, Kristen estava dormindo e na televisão passava uma série qualquer. Demi se desfez dos saltos, colocando-os em um canto qualquer e deixou a bolsa em cima da mesa de jantar. Demetria se aproximou da amiga e a balançou levemente pelos ombros.

— Kris, vai deitar na cama. — Pediu assim que a amiga abriu os olhos. Kristen bocejou e encarou a amiga com o cenho franzido, dormir era tão bom que ela estava quase sonhando. Kris bocejou e levantou-se encarando a amiga, seus cabelos estava uma verdadeira bagunça.

— Eu pensei que fosse dormir lá novamente. — Kristen disse encarando o relógio que marcam 3:25 da manhã. Demi negou com a cabeça e se acomodou no sofá perto da amiga. Kristen riu e encostou a cabeça no ombro de Demi, ela ainda estava com sono. — Como foi a noite?

— Foi ótima! — Mordeu o lábio inferior e encarou a melhor amiga. — Jantamos comida mexicana na casa dele, assistimos um filme e... você sabe. — Aquele sorriso malicioso nos lábios de Kristen era tão irritante. Demi revirou os olhos e empurrou a amiga pelos ombros. — Foi divertido, é bom estar com ele. — Deu os ombros e levantou-se. — Você está cansada, vamos subir. Eu vou trocar de roupa e dormir também, estou exausta!

— Wilmer esgotou suas energias, não é mesmo? — Sorriu maliciosa, deu um tapinha no bumbum de Demi e subiu as escadas correndo quando Demi tentou revidar. Demetria subiu as escadas logo atrás da melhor amiga e parou na porta do quarto da filha, a porta estava encostada e o abajur acesso. Demi adentrou no quarto da filha e sorriu ao ver a pequena dormindo serenamente, ela cobriu a garotinha com a manta e ajeitou o ursinho que Alana dormia abraçada. Deu um beijinho na testa da sua menina e saiu do quarto cuidadosamente. — Eu achei ela bem tristinha hoje. — Kris comentou assim que Demi adentrou no quarto, ela já estava acomodada na cama de casal da melhor amiga.

— Ela está assim porque eu a proibi de conversar com Joseph sem a minha autorização. — Demi disse indo diretamente para o closet trocar de roupa. Ela vestiu seu pijama e adentrou no banheiro para escovar os dentes. — Essa situação já passou de todos os limites possíveis e chegou a hora de dar um basta! — Comentou assim que voltou para o quarto. Demi apagou a luz e deitou-se na cama, cobrindo-se com o edredom branco.

— Boa noite, amiga. — Kris disse abraçando Demi por trás. Elas tinham tanta intimidade que aquilo era algo natural para elas, quase todo final de semana as duas dormiam juntas. Demi fechou os olhos e sorriu.

— Boa noite, Kris. — Demi suspirou e tentou se concentrar para dormir mas sua mente só pensava no que Selena havia dito um pouco mais cedo. Ela, Joseph e Alana como uma família? O coração chegava a acelerar só de imaginar, sonhou com aquilo durante muito tempo mas Joseph havia destruído seu sonho de um futuro para eles e não tinha mais volta.

Dia Seguinte


Os típicos pães de queijo brasileiro estavam assando no forno. Kristen estava preparando o café e Demi cuidava das torradas e dos ovos mexidos. Já passavam das dez da manhã e Alana ainda estava dormindo. Demi colocou as torradas em um prato e colocou o prato em cima do balcão para ir mexer os ovos que fritavam na frigideira. — O que você quis dizer ontem com dar um basta na situação de Joseph e Alana? Eu estava com tanto sono que nem me importei mas agora estou curiosa. 

— Eu vou conversar com Joseph na empresa, vou resolver essa situação o mais rápido possível. Eu já cheguei no meu limite máximo e se continuar assim vou acabar tendo um ataque cardíaco a qualquer momento. — Demi suspirou e encostou-se no balcão após apagar o fogo da frigideira. — Eu conversei com sua mãe ontem e ela me disse algo que mexeu muito comigo, sabe? Ela disse que só eu posso dar um basta nessa situação quando tomar uma decisão, eu decidi que vou deixar Joseph fazer parte da vida da minha filha, vou dar uma chance a ele. 

— Finalmente! — Kristen levantou as mãos para o céu em forma de agradecimento e Demi lhe deu um tapa no braço. — Eu acho que Joseph vai ser um bom pai, ele ficou tão emocionado quando Alana correu até ele no dia que você foi para o hospital, acho que os dois vão se dar super bem. Lana merece isso, Demi. 

Alana bocejou e abriu os olhinhos. O cheiro dos ovos mexidos e dos pães de queijo invadiram seu nariz e ela sentiu a barriga roncar. A pequena riu baixinho e se levantou calçando as pantufas, ela correu até o banheiro do quarto, fez sua higiene e desceu as escadas vagarosamente, queria dar um susto em Kristen. Quando estava no último degrau, Alana franziu o cenho quando ouviu o nome de Joseph ser dito na cozinha. Ela parou e ficou ali ouvindo a conversa da mãe e da tia.

— Ontem eu conversei com Wilmer e ele me acalmou bastante. Ele disse que quando Alana descobrir que Joseph é o pai dela, vai ser natural que ela fique mais apegada a ele e queira estar com ele todo o momento, ela só vai estar aproveitando o tempo perdido, isso não quer dizer que ela vai me amar menos. — Alana arregalou os olhos e sentiu o coração bater mais forte no peito. Joseph era o seu pai? Não podia ser!

— Como será que ela vai reagir quando descobrir a verdade?

— Eu não sei... — Demi mordeu o lábio inferior e cruzou os braços. — Eu acho que ela vai ficar feliz em saber que o pai dela é quem ela sonhou ser. — Demi suspirou. — Eu vou conversar com ele amanhã e vamos ver no que vai dar... — Deu os ombros e mordeu uma torrada. Alana sentiu as lágrimas descerem pelas bochechas e subiu as escadas novamente correndo. Joe era seu pai? Por que sua mãe nunca havia lhe dito nada? Por que esconderam dela? Era por isso que sua mãe não gostava de Joseph? Porque ele havia ido embora? Porque nunca se importou com ela? — Eu vou acordar Alana. — Demi subiu as escadas e adentrou no quarto da filha. Alana estava sentada na cama de costas para ela.

— Você não vai descer para tomar café? — Perguntou se aproximando. Alana cruzou os braços e se afastou quando Demi sentou na beirada da cama. — Alana eu estou falando com você. — Demi disse estranhando o comportamento da filha. A menina nunca tinha ficado mais que duas horas sem falar com ela. — O que está acontecendo? — Demi tentou se aproximar mas foi completamente ignorada. — Se você está brava por causa de ontem, saiba que...

— Eu não quero falar com você. — Alana interrompeu Demi e saiu do quarto sem olhar para trás. Demi respirou fundo e se sentiu agoniada, havia algo de errado com Alana, a menina nunca havia lhe tratado de maneira tão fria. O coração estava acelerado e ela não sabia o que fazer. Demetria desceu as escadas enquanto travava uma batalha interna para não entrar em desespero. Quando chegou a cozinha, Alana estava sentada em volta do balcão e tomava seu café normalmente.

— Lana, você quer mais leite? — Kris perguntou para a sobrinha. A menina negou com a cabeça sem olhá-la e voltou a comer seu cereal. Kristen encarou a melhor amiga buscando uma explicação, Demi apenas deu os ombros sem saber o que fazer e passou uma das mãos pelo cabelo, claramente nervosa. — O que acha de irmos na piscina hoje? O dia vai esquentar, podemos chamar seu amiguinho Mark. — Kristen disse tentando mudar o clima que estava na cozinha. Demi deu um gole na sua xícara de café e encarou a filha, a menina adorava ir na piscina do condomínio e nadar até os dedos ficarem enrugados.

— Eu não quero ir. — Alana disse e empurrou a tigela de cereal. — Com licença. — Pediu e subiu as escadas rapidamente. Demi jogou sua caneca na pia e bufou, aquela situação toda estava se tornando cada vez mais desgastante. Kristen tocou o ombro de Demi e viu quando a amiga secou rapidamente a lágrima que escorreu pelas bochechas.

— Eu vou acabar explodindo. — Disse. Ela tinha medo de explodir e dizer algo rude para a menina. Ela tinha medo de passar dos limites. — A minha filha me odeia, Kris. Ela me odeia e isso é culpa daquele desgraçado.

— Sua filha não te odeia, nem sabemos o que realmente aconteceu, ela só deve estar chateada com o que aconteceu ontem. Dê um tempo para ela e pare de sofrer por antecipação. — Kris sorriu e puxou Demi para um abraço apertado.

***

Joseph acordou cedo por conta do celular que estava tocando, era uma ligação de um número desconhecido e a surpresa foi grande quando descobriu que Cole estava em Los Angeles e queria vê-lo. Joe não pensou duas vezes antes de marcar de encontrar o velho amigo na praia. O sol brilhava forte no céu e com certeza havia sido uma ótima ideia marcar aquele encontro na praia. Joe estava no carro a caminho da praia, os óculos de sol protegiam seus olhos e uma música antiga tocava na rádio. Ele estacionou o carro em um estacionamento e desceu. Por conta do calor, Joe retirou sua regata e colocou sobre os ombros. Ele caminhou até um certo ponto e sorriu ao avistar o amigo em um dos quiosques bebendo água de coco. — Joe! — Cole disse animado e puxou Joe para um abraço assim que o amigo se aproximou. — Você não mudou nada! — Disse olhando o amigo de cima para baixo. Joe riu e retirou os óculos de sol.

— Você também não mudou nada. — Joe separou o abraço e puxou um banquinho para sentar ao lado do amigo. — Como você está, cara? — Fazia exatamente dois anos que eles não se viam. Ele era o seu melhor amigo e não importava quanto tempo ficavam sem se ver ou se falar, nada mudava!

— Eu estou ótimo! — Sorriu. — Finalmente consegui expandir meu estúdio de tatuagem e isso explica o motivo pelo qual eu estou aqui, vamos inaugurar um estúdio aqui em Los Angeles em breve. Você vai ter que me aguentar por muito tempo, meu caro. — Brincou dando dois tapinhas no ombro de Joe. — E você? Me conte todas as novidades!

— Estou trabalhando na empresa do meu tio, como engenheiro, está sendo uma ótima e eu estou muito feliz. 

— Quem diria Joseph Jonas um homem trabalhador e responsável! — Brincou fazendo Joe rir.

— Lembra de uma garota morena com quem eu estava ficando enquanto ainda morava em Chicago? Você a tatuou uma vez no sítio dos meus pais...

— Uma morena baixinha? São tantas mulheres com quem você já ficou... — Disse e Joseph fez uma careta. — Aquela que eu tatuei uma pena atrás da orelha?

— Essa mesma. — Joe assentiu e agradeceu ao garçom que colocou sua água de coco em cima do balcão. Ele deu um gole e encarou o amigo. — Eu a reencontrei faz um mês mais ou menos. — Cole franziu o cenho. — Ela foi a única mulher que eu realmente gostei, Cole. O nosso relacionamento foi muito breve mas muito intenso para mim.

— Eu me lembro como você ficou mal quando ela desapareceu da noite pro dia.

— Nós trabalhamos juntos na empresa do meu tio e nós... temos uma filha. — Cole arregalou os olhos e acabou se engasgando com a água de coco, foi preciso Joe lhe dar alguns socos nas costas.

— Uma filha? Como assim uma filha?

— Ela estava grávida quando foi embora. Os pais dela mandaram ela para o Texas quando descobriram que ela estava grávida, ela não teve a oportunidade de me contar sobre a gravidez. A menina tem os meus olhos, Cole. Ela é tão linda e encantadora.

— Que loucura, cara. — Cole disse ainda sem acreditar. Joe assentiu e bebericou sua água de coco enquanto observava o pessoal. A praia estava agitada, as pessoas jogavam vôlei, caminhavam apenas com trajes de banho e outras aproveitavam o mar.

— Eu também não acreditei quando descobri, ainda estou tentando fazer parte da vida da minha filha, Demi não está facilitando as coisas para o meu lado mas eu não vou desistir. No dia em que eu coloquei os olhos naquela garotinha, meu coração bateu de uma maneira que nunca bateu antes, eu senti algo totalmente diferente do que eu já senti um dia. — Falou sorrindo lembrando do jeitinho encantador de Alana, do sorriso e dos olhos esverdeados.

 — Seus olhos estão brilhando. — Cole comentou rindo. — Você sempre quis ter uma família, sempre disse que quando fosse mais velho queria ter uma esposa e vários filhos. Você ainda sente algo por essa garota?

— Meus sentimentos por ela são... indefinidos. Eu amei ela intensamente por mais que ela não acredite nisso, passei anos casado com Sophie e não consegui sentir por ela o que senti por Demi. Sempre pensei como seria quando eu a reencontrasse um dia e quando isso aconteceu... parecia que nada havia mudado, entende? Ela não deixa eu me aproximar e está se relacionando com um cara lá da empresa.

— Você vai ter que te paciência, cara. O que você fez com ela foi muito baixo, você mentiu e a usou na maior cara de pau, então é natural que ela não confie em você e nem acredite que no que você sente. — Joe assentiu. Cole tinha razão, o que ele fizera com Demi foi algo muito baixo mas lutaria todos os dias para provar que havia mudado, havia amadurecido e se tornado um homem. — Esse é o preço que você tem que pagar pelas suas mentiras. — Joe assentiu pensativo. Cole o chamou para dar uma volta na praia, eles estavam caminhando lado a lado sentindo a brisa leve bater em seu rosto. — Você ainda fala com alguém daquela época?

— Apenas Selena, ela passou duas semanas aqui em LA comigo, ela foi embora ontem. E você?

— Não tenho muito contato com o pessoal daquela época, Trace ainda frequenta meu estúdio às vezes, ele já está com o corpo todo fechado e agora está começando a tatuar o rosto. — Joe apenas assentiu lembrando-se de como ele e Demi eram amigos. Será que ela ainda tinha contato com ele?

— Eles ainda fazem aqueles rachas? — Perguntou se lembrando das muitas vezes que havia participado. Sua juventude havia sido muito bem vivida.

— Não muitos, agora está mais difícil, a polícia está mais atenta, mas vez ou outra ainda fazem. — Cole deu os ombros e colocou as mãos dentro do bolso da bermuda jeans. — A maioria daquele pessoal cresceu e amadureceu, tem alguns que você vê e nem acredita que são casados e pais de famílias. — Joe riu assentindo. Quem visse aquele grupo de garotos que se drogavam, participavam de rachas e iam para baladas beber e dançar até o amanhecer nunca diriam que eles se tranformariam em homens responsáveis e trabalhadores.

O dia com Cole foi divertido e nostálgico! Eles se lembraram as besteiras que faziam quando eram adolescentes e almoçaram juntos em um restaurante perto da praia. Depois Joseph deixou Cole no hotel aonde ele estava ficando com a namorada e seguiu para o aeroporto para buscar sua mãe, estava ansioso! Fazia muito tempo que não via sua mãe e não via a hora de abraçá-la apertado matando um pouco da saudade que estava sentindo. Como sua mãe reagiria quando descobrisse que ele tem uma filha? Uma filha com Demetria!

Aerosmith estava tocando em um volume médio e Joe cantarolava a música e batucava os dedos no volante. Ele se lembrava de ouvir aquela música o dia todo quando ainda estava com Demi. — Then I kiss your eyes and thank God we're together and i just wanna stay with you in this moment forever, forever and ever... (Então beijo seus olhos e agradeço a Deus por estarmos juntos e eu só quero ficar com você neste momento para sempre, para todo o sempre). — Joe cantarolou enquanto estava parado no trânsito. Lembrou-se do sorriso bonito de Demi, de como era bom beijá-la e tê-la em seus braços. Ele demorou cerca de cinquenta minutos para chegar no aeroporto. Havia tantas pessoas que Joe sentiu-se perdido, eram pessoas de todos os países possíveis que falavam as mais diferentes línguas. Ele caminhou em direção ao portão de desembarque e procurou a mãe com olhos olhos, nenhum sinal dela, pegou o celular no bolso do short para ver se havia alguma mensagem e se assustou quando sentiu dois braços em volta da sua cintura.

— Céus, bebê, como eu senti sua falta. — Kelly disse abraçando o filho fortemente pela cintura. Joe beijou o topo da cabeça da sua mãe e passou os braços em volta dos ombros dela. Era bom sentir aquele cheiro familiar, era como estar em casa depois de anos perdido. Ele sorriu e fechou os olhos apreciando cada segundo daquele abraço.

— Eu também senti sua falta. — Kelly desfez o abraço e segurou o rosto de Joe com as duas mãos para analisá-lo melhor.

— Você está tão bonito, meu menino. — Sorriu admirando cada detalhe de Joseph. — Como você está? Tem comido direito? Está se virando bem sozinho?

— Mãe, eu estou bem. — Riu. Poderia passar anos mas a preocupação seria a mesma. — Eu tenho vinte e sete anos e acho que estou me virando muito bem sozinho. — Disse pegando a mala de carrinho da mãe. Kelly abraçou o filho de lado pela cintura e juntos eles caminharam até o estacionamento do aeroporto. Joe colocou a mala da mãe no porta-malas e abriu a porta do passageiro para ela. — A senhora vai ficar aqui por quanto tempo? — Perguntou após entrar no carro.

— Eu mal cheguei e você já quer se livrar de mim? — Perguntou rindo. Joe se inclinou para beijar a bochecha da mãe e colocou o cinto de segurança. — Eu ainda não sei, querido. Quinze dias ou um mês. — Deu os ombros enquanto observava a paisagem da janela.

— Meu pai não se importou com o fato de você ficar tanto tempo longe? — Joe desviou brevemente o olhar da estrada para encarar a mãe. Ela estava diferente desde a última ligação deles e ele sabia que havia algo de errado com os pais.

— Seu pai não é o mesmo, filho. — Kelly encarou o filho e sorriu fraco. — Teremos muito tempo para conversar sobre isso, agora eu quero saber tudo! Como foi a sua adaptação na empresa do seu tio? Já fez amigos? Arrumou uma nova namorada?

— A adaptação na empresa foi bem tranquila, as pessoas lá são bem receptivas e amigáveis, fiz alguns amigos legais e não, não arrumei uma nova namorada. — Fez careta enquanto estava focado na estrada. Kelly sorriu e esticou o braço para alisar o rosto do filho, ela era uma mãe babona.

— Como você não arrumou uma namorada? Você é tão bonito, tenho certeza que tem muitas pretendentes lá na empresa.

— Mãe eu não eu fico reparando nessas coisas quando eu estou na empresa, eu foco apenas no meu trabalho e nos meus afazares do dia. — E passava bons minutos observando Demi trabalhar em seu escritório. Ela era baixinha quando retirava os saltos, ele havia reparado que ela tinha a mania de andar descalça em sua sala, ela prendia seus cabelos em um coque alto e passava a mão pelo pescoço quando estava pensando em algum projeto. Eram pequenos detalhes que ele foi percebendo durante o dia-a-dia e ter sua sala de frente para a dela ajudava muito.


Apartamento de Demi 

O que deveria fazer com Alana? Demi estava terminando de lavar a louça e seu pensamento estava na sua filha. A menina não trocava uma palavra com ela desde manhã e estava trancada no quarto, havia saído apenas para almoçar e recusou o convite de Kris para ir tomar banho de piscina. Aquilo estava estranho e não era porque Demi havia a proibido de falar com Joseph, havia algo a mais. Demetria secou as mãos no pano de prato e subiu as escadas. — Alana? — Chamou e bateu duas vezes na porta. Como não teve resposta, ela adentrou no quarto e encontrou a menina sentada no tapete brincando com suas bonecas. — Podemos conversar? — Demi perguntou se aproximando.

— Eu não falo com mentirosas! — A surpresa foi enorme! Era a primeira vez que Alana falava daquela maneira com Demi. O jeito de falar era como uma adulta irritada e ela tinha os bracinhos cruzados encarando Demi atentamente.

— Sobre o que você está falando?

— Você sempre diz que temos que ser verdadeiras com as pessoas mas não pensou duas vezes antes de ficar por aí mentindo para mim. Eu estou brava e não quero falar com você nunca mais!

— Você está de castigo pelo resto da sua vida, Alana! Eu sou sua mãe e você não tem o direito de falar assim comigo, está me entendendo? Eu não vou aceitar ser desrespeitada desse jeito.

— É tudo o que a senhora sabe fazer, não é mesmo? Me proibir de falar com Joe e me colocar de castigo.

— Você está proibida de falar com Joseph sim e vai continuar desse jeito até segunda ordem! Esse seu comportamento rebelde começou depois que sua interação com Joseph começou, a melhor coisa que eu fiz foi proíbi-la de falar com ele, enquanto você continuar desse jeito você não vai vê-lo.

— A senhora não está em casa todos os dias mesmo. — Deu os ombros dando a entender que ela poderia encontrar Joseph quando Demi não estivesse em casa.

— Ouse me desafiar, Alana. — Demi avançou sobre Alana e segurou o braço da menina. Ela estava nervosa, Alana estava rebelde e isso nunca havia acontecido antes. — Ouse me desafiar para ver o que acontece, você só tem cinco anos de idade e tem que me obedecer. — Ela segurava o braço da filha fortemente, os olhos da menina encheram de lágrimas.

— Demi, o que você está fazendo? — Kristen adentrou no quarto e puxou Alana. A garotinha chorava e abraçou a perna da tia de maneira assustada. — Você enlouqueceu? Ela só tem cinco anos!

— Ela só tem cinco anos e está me respondendo como uma garota de quinze, eu não vou permitir isso. Você está proibida de ver Joseph e se eu souber que você me desobedeceu, as coisas vão ficar feia para o seu lado.

— Eu te odeio, sua mentirosa! — Alana gritou e Demi saiu do quarto batendo a porta com força. Suas mãos estavam tremendo e ela estava irritada consigo mesmo por não saber conduzir a situação da maneira certa. Demi adentrou em seu quarto e deixou as lágrimas descerem livremente, o que estava acontecendo com ela? Nunca havia perdido o controle ou passado do limite assim antes.

— O que diabos está acontecendo, Demi? — Kristen perguntou adentrando no quarto da amiga. Ela era a melhor amiga e era sua obrigação dar uns puxões de orelha quando Demetria ultrapassava os limites, não era muito as vezes que acontecia. — Alana está chorando assustada lá no quarto.

— Ela me respondeu e disse que eu sou uma mentirosa, eu não vou deixar uma menina de cinco anos me desrespeitar dessa maneira, eu sou a mãe dela e mereço respeito!

— E você acha que sua filha vai te respeitar dessa maneira?

— Eu sei que eu errei, acabei explodindo e fiz coisas na qual não me orgulho. Eu só estou nervosa, ouvir minha filha me chamando de mentirosa doeu!

— Essa situação com Joseph está te deixando louca, é melhor você resolver essa situação de uma vez por todas antes que acabe machucando a sua filha ainda mais. Pense bem nas suas atitudes, Alana não mentiu, mas você sim está mentindo sobre o pai dela! — Demi fechou os olhos e soluçou. Estava tão arrependida. — Eu vou levar Alana para o meu apartamento, reflita e tome uma decisão para o bem da sua filha. Essa situação com Joseph já ultrapassou todos os limites possíveis e impossíveis, Demetria.

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as chamas já foram acessas e o fogo está para tomar conta de tudo! 
boa tarde meninas como vocês estão? eu estou bem e muito feliz por voltar com mais um capítulo. sinto muito pela demora mas eu estava sem internet </3 o que vocês acharam do capítulo? fiquei muito feliz em ler os comentários de vocês no capítulo anterior, vocês são incríveis. 
alguém de vocês vão para a tmylmtour? eu infelizmente não consegui comprar os ingressos e estou bem triste com isso mas bem feliz em ver que muita gente vai realizar um sonho, quem for aproveitem muito e lembrem de mim quando a demi estiver cantando lonely haha
enfim, respostas dos comentários anterior aqui | volto assim que o próximo ficar pronto
beijos

13/02/2018

22. Collapsing



Três dias depois...

Se uma criança dava trabalho, imagine duas. Quantas vezes Demi ia ter que pedir para Alana parar de correr? A menina estava brincando com um garotinho que morava no mesmo condomínio, eles tinham a mesma idade e sempre que possível brincavam juntos no apartamento de Demi ou no playground do prédio. Os dois estavam brincando de super-heróis, Alana estava vestida de mulher maravilha e o pequeno Mark estava vestido de Capitão América e eles corriam por todo apartamento fingindo que estavam voando. Enquanto as crianças brincavam na sala, Demi estava na cozinha preparando o almoço. O arroz cozinhava em uma panela enquanto os nugets e as batatas fritavam em outra. Enquanto o fogão fazia o seu trabalho, Demi estava encostada no balcão trocando mensagens com Kristen, elas moravam apenas duas portas de distância, mas ainda assim, se falavam o dia todo, assunto não faltava entre as duas. 

— Alana, não desça as escadas correndo. — Demi gritou quando avistou a filha descer as escadas correndo com Mark atrás dela, porém foi ignorada completamente. Alana pulou os três últimos degraus das escadas e passou por Demi como um furacão. De onde saia tanta energia?

— Céus, essas crianças parecem que estão ligadas no duzentos e vinte. — Kristen disse assim que adentrou na cozinha. Alana havia aberto a porta para ela e correu de volta para sala como o flash. Demi riu assentindo e pegou o garfo para virar os nugets. — Então quer dizer que a madame vai transar hoje à noite. — Kristen disse após verificar que as crianças estavam longe o suficiente para não ouvir. Demi revirou os olhos e tampou a frigideira.

— Nós passamos um bom tempo trocando mensagens. Eu pedi para ele me dizer aonde nós iríamos jantar, mas ele disse que é surpresa. — Demi fez careta e cruzou os braços fitando o celular que havia acabado de vibrar.

— Ele provavelmente vai te levar para um jantar romântico em um restaurante chique, depois vocês vão para casa dele ter uma transa selvagem ou se não aguentarem chegar até a casa dele, vai acontecer no carro ou até mesmo no motel mais próximo. — Sorriu maliciosa e piscou dando um tapinha no bumbum de Demi enquanto se aproximava do fogão para verificar o que a amiga estava preparando para o almoço.

— Você é ridícula. — Revirou os olhos. — Ele é tão fofo, ontem ele me ligou assim que eu cheguei da empresa, nós conversamos e depois passamos boa parte da noite trocando mensagens, ele me aconselhou tanto sobre tudo o que está acontecendo. — Kristen arqueou a sobrancelha e encarou o sorriso bobo no rosto de Demetria.

— Você está apaixonada? — Perguntou cruzando os braços. Demi negou com a cabeça e se desfez rapidamente do sorriso bobo. Ela desligou o fogo do arroz e dos nugets deixando apenas o fogo aonde as batatas fritavam acesso.

— Não estou apaixonada, eu só gosto de conversar com ele e de ter a companhia dele... nós somos amigos, eu só estou deixando rolar para saber aonde isso vai dar. — Deu os ombros. Ela não conseguia dar uma definição para os seus sentimentos, apenas estavam deixando as coisas rolarem... se fosse para acontecer, iria acontecer. Demi só não queria se privar de ter um bom relacionamento com alguém e para isso precisava tentar.

— Eu acho vocês dois muito fofos juntos, sem contar que ele é um homão da porra, em todos os sentidos. — Sorriu maliciosa enquanto observava a amiga pegar um prato para colocar as batatas fritas. — É grande? — Perguntou com um sorrisinho no canto dos lábios.

— Kristen, cala a boca.

— Tudo bem, mudando completamente de assunto... você já sabe como vão ser as coisas com Joseph daqui pra frente? — Kristen desligou o fogo das batatas após se certificar de que estavam no ponto, pegou o prato com papel toalha das mãos de Demi e colocou as batatas no prato. Demi mordeu o lábio inferior e negou a cabeça.

— Eu não faço a mínima ideia, eu não deixei que ele se aproximasse durante esses três últimos dias e ele pareceu respeitar o meu espaço já que não me forçou a nada. Ele passou os últimos dias desfilando para cima e pra baixo com a nova arquiteta da empresa e parecia estar muito contente com isso. — Revirou os olhos enquanto colocava sal sobre as batatas e Kristen arqueou uma das sobrancelhas, ela estava com ciúme? — Enfim, eu ainda não pensei sobre qual decisão eu vou tomar, Joseph foi bem direto ao dizer que quer participar da vida da Alana, ele não vai desistir.

— Você não tem para onde correr, Demi. — Demi não disse nada, apenas assentiu pensativa enquanto colocava o arroz em uma travessa. Ela levou o almoço até a mesa de jantar e chamou as crianças para almoçar.  — Vocês já lavaram as mãos? — Kristen colocou a mão na cintura e encarou Alana e Mark. Os dois negaram com a cabeça e subiram as escadas correndo assim que Kristen apontou em direção as escadas. — Eles não conseguem andar normalmente sem correr? — Demi riu e serviu os pratos das crianças.

— Mamãe depois do almoço podemos descer para o parquinho? — Alana perguntou sentando em volta da mesa de vidro. O cabelo da menina estava preso em um rabo de cavalo alto e algumas mechas do cabelo estavam grudadas na testa por conta do suor.

— Depois do almoço nós vamos atrás da sua fantasia de Dorothy. — A pequena assentiu e Demi sentou-se ao lado de Kris para se servir. — Hoje à noite a mamãe vai sair para um jantar e a vovó Kim vai levar você ao cinema e ficar com você até eu chegar, tudo bem?  — Alana apenas assentiu mais focada em conversar com o amiguinho do qualquer outra coisa.

O almoço ocorreu de maneira divertida e animada. Depois do almoço, a mãe de Mark foi buscá-lo e Kristen teve que ir embora porque teria um trabalho para realizar durante a tarde. Demi lavou a louça do almoço cantarolando uma música qualquer enquanto Alana guardava os brinquedos espalhados pela sala. Após lavar a louça, Demi subiu as escadas em direção ao quarto de Alana para ajudá-la no banho. Agora a garotinha estava sentada na cama segurando um lacinho enquanto Demi arrumava seu cabelo. — Ontem a professora entregou as falas dos personagens da peça, você me ajuda a ensaiar, mamãe?

— Claro que sim, meu amor. — Demi disse enquanto prendia o final da trança com um lacinho. Ela deu um beijinho na cabeça da filha e sorriu. — Calce as sapatilhas, eu vou me arrumar e nada de abrir a porta sem a minha permissão.

— Posso jogar no seu celular? — Demi assentiu e entregou o celular para a filha. A pequena calçou as sapatilhas e correu para o quarto da mãe, ela gostava de ficar deitada na cama de Demi jogando enquanto esperava a mãe se arrumar. Demorou cerca de trinta minutos para que Demetria ficasse pronta, Alana já estava entediada de tanto esperar pela mãe e nunca entendia porque ela demorava tanto para se arrumar.

Little Mix estava tocando em um volume razoável no som do carro. Demi e Lana cantavam as músicas de maneira animada enquanto Demi dirigia, antes de saírem de casa, Demi pesquisou na internet as lojas de fantasias mais próximas do condomínio em que morava e havia achado pelo menos três lojas naquela região. — Mama told me not to waste my life, she said spread your wings my little butterfly... — Elas cantarolaram juntas. Demi achava engraçado a forma como Alana cantava e gesticulava, ela sabia as letras de todas as músicas.

O carro foi estacionado assim que elas chegaram à primeira loja. Demi desceu do carro, pegou sua bolsa e abriu a porta de trás para Alana descer. Ela segurou a mão da filha e juntas atravessaram a rua para adentrar na loja. A vendedora que as atendeu explicou para elas que só havia a versão para adultos da fantasia da Dorothy, Alana ficou levemente decepcionada, mas Demi conversou brevemente com ela enquanto atravessavam a rua de volta para o carro. — E agora mamãe? — Perguntou assim que Demi se acomodou no banco do motorista. Demi olhou para a filha pelo retrovisor enquanto colocava o cinto de segurança.

— Nós vamos em outra loja, se lá não tiver eu vou tentar comprar pela internet ou mando fazer uma. — Alana apenas assentiu e Demi deu partida no carro indo em direção a próxima loja que ficava na região de Rodeo Drive, o centro comercial mais importante de Los Angeles. Encontrar uma vaga para estacionar foi complicado e a atenção estava redobrada porque era final de semana e havia bastante gente. Demi segurou a mão de Alana firmemente e caminhou entre as pessoas até encontrar a loja de fantasia.

— Boa tarde, posso ajudá-la? — A vendedora perguntou de forma simpática assim que Demi e Alana se aproximaram. A loja era bem maior do que a primeira e tinha inúmeras opções.

— Vocês têm fantasia da Dorothy do mágico de oz para criança? — Perguntou fitando as inúmeras fantasias expostas em cabides. A vendedora assentiu com um sorriso e Demi percebeu quando Alana suspirou aliviada com um sorriso animado no rosto.

— Qual é a idade dela?

— Cinco anos. — A mulher morena de olhos azuis assentiu e pediu para Demi acompanhá-la. Elas foram até a parte de trás da loja aonde havia algumas fantasias especificas e esperaram enquanto a vendedora buscava a fantasia.

— Você quer experimentar? — Perguntou para Alana enquanto segurava a fantasia que estava protegida por um plástico transparente, Alana assentiu com a cabeça e elas caminharam até os provadores. Demi ajudou a filha a vestir a fantasia e por pouco não chorou ao ver a pequena vestida de Dorothy com um enorme sorriso nos lábios. Alana se olhava no espelho e observava atentamente o vestido azul e branco quadriculado, tinha até a cestinha com o cachorrinho dentro.

— Você gostou, filha?

— Gostei, mamãe. — Disse dando uma voltinha. Demi sorriu emocionada e puxou a menina para dar um beijo estalado na bochecha dela, sua filha era a menina mais linda do mundo!

— Os sapatinhos são vendidos à parte, se a senhora quiser eu posso buscá-lo para ela experimentar. — Demi assentiu e a vendedora saiu para buscar os clássicos sapatinhos vermelhos. Demi retirou o celular da bolsa e tirou algumas fotos da pequena que fez inúmeras poses, ela enviou para Kristen e Kim e sorriu quando elas responderam enchendo a menina de elogios. Se Demi era uma mãe babona, Kristen e Kim conseguiam ser ainda mais babonas do que ela. Depois de provar os sapatinhos vermelhos, Demi pagou pela fantasia e saiu da loja de mãos dadas com a filha.

Los Angeles era uma cidade quente, nos dias mais frios a temperatura mínima era de 19º graus, o que era satisfatório já que em Chicago chegava a nevar no inverno. Estavam em outubro e mesmo assim, o sol brilhava no céu. Demi dirigia em direção à uma sorveteria que ficava perto do seu condomínio, era perto da padaria de Ryan e do parque de área verde. A sorveteria estava cheia por ser sábado à tarde. Os sorvetes ficavam expostos com os mais variados tipos de sabor, acompanhamentos e coberturas diferentes. Demi ajudou Alana a montar seu sorvete de vários sabores e coberturas diferentes. Como a sorveteria estava cheia e eram poucos os lugares para sentar, Demi decidiu sentar-se no parque para tomar o sorvete com a filha.

— Olha só mamãe o Joe! — Alana disse animada enquanto elas se preparavam para atravessar a rua. Demi olhou na direção em que a filha olhava e revirou os olhos ao ver Joseph com uma ruiva ao seu lado. Ele tinha um sorriso nos lábios e estava incrivelmente sexy usando uma regata branca, os braços cruzados mostravam perfeitamente seus músculos e a barba dava um charme enorme a ele. Tudo aconteceu muito rápido, Alana gritou por Joseph e antes mesmo que Demi pudesse segurá-la, a menina soltou-se da mãe e atravessou a rua correndo. Demi podia jurar que teria um ataque do coração quando viu o carro frear bruscamente e o barulho estridente sair dos pneus do carro. Quando abriu os olhos respirou aliviada ao ver Alana nos braços de Joseph. A pequena tinha um sorriso enorme nos lábios e conversava animadamente com Joseph como se nada tivesse acontecido.

Demi passou uma das mãos pelo cabelo tentando acalmar as batidas do coração e quando estava mais calma, atravessou a rua com segurança. Ela se aproximou de Alana com o cenho franzido e irritada, estava irritada e assustada. Irritada porque Alana tinha ido até Joseph sem sua permissão e assustada porque quase presenciou um acidente. — Você está de castigo, Alana Gracie! — Disse séria encarando a filha que estava cabisbaixa nos braços de Joseph.

— Por que? — Perguntou inocentemente agarrando Joe fortemente pelo pescoço. Joseph encarou Demi e passou uma das mãos pelo cabelo. Ele havia ido ao parque fazer exercícios e estava feliz por estar com Alana em seus braços.

— Demi, você está exagerando... ela não teve culpa. — Joe disse depositando um beijo carinhoso na testa de Alana. O coração dele estava acelerado por estar segurando sua filha nos braços e ela estar lhe abraçando pelo pescoço tão firmemente lhe deixava com vontade de chorar. Porém, confrontar Demi daquela maneira não havia sido uma boa ideia, ela lhe olhava tão furiosa que ele conseguia ver fogo nos olhos dela.

— Cala essa sua boca, Joseph. Não se intrometa no modo como eu lido com a minha filha, algo muito sério poderia ter acontecido aqui e ela precisa aprender a ter limites. Eu já estou de saco cheio do comportamento dela quando se trata de você.

— Você sabe muito bem porque ela se comporta dessa maneira quando se trata de mim. — Alana franziu o cenho e encarou sua mãe para depois encarar Joe. Era a primeira vez que ela via sua mãe tão irritada assim, geralmente Demi brigava porque ela aprontava na escola ou deixava os brinquedos espalhados, mas era raro as vezes que ela se alterava daquela maneira. Alana conhecia bem a mãe e sabia quando ela estava brava, não daria um bom resultado confrontá-la.

— Vai se foder, Jonas! — Alana arregalou os olhos sem acreditar que a mãe havia dito aquelas palavras, era a primeira vez que Demi dizia um palavrão na frente da filha. — Eu juro por Deus que se você se meter no meu caminho novamente, eu faço questão de acabar com qualquer esperança que você tem de fazer parte da vida da minha filha. — Demi puxou Alana pelo braço e o encarou de forma desafiadora. Joe suspirou e antes mesmo que pudesse dizer algo, Demi caminhou rapidamente com a menina até o carro. Ela jogou seu sorvete na lata de lixo que havia perto de onde o carro estava estacionado e adentrou no carro sem olhar para trás. — Você me decepcionou, Alana. — Disse enquanto colocava o cinto de segurança. Alana suspirou e encarou a mãe. — Você atravessou a rua sem a minha permissão, você sabe muito bem que não pode fazer isso. Você quase foi atropelada e céus, algo muito ruim poderia ter acontecido com você. — Suspirou e segurou as lágrimas que queriam descer pelas bochechas só de imaginar o que poderia ter acontecido com Alana.

— Eu sinto muito, mamãe. Eu só queria falar com Joe.

— A partir de hoje você está proibida de se aproximar de Joseph sem a minha permissão, está entendendo?

— Mas...

— Alana você está me entendendo?

— Estou. — A pequena disse tristonha encarando as mãozinhas. Demi respirou fundo e se acomodou no banco para dar partida no carro.


***

— Você está de castigo, suba para o seu quarto e só saia de lá quando eu mandar. — Alana não disse nada apenas subiu para o quarto e bateu a porta do quarto com força fazendo Demi gritar o nome dela irritada. Joseph havia estragado seu dia! Demi o xingou mentalmente de todos os nomes possíveis e foi para a cozinha atrás de um copo de água gelada. Quando o interfone tocou, ela franziu o cenho. Era rara as vezes que o interfone tocava porque quem frequentava seu apartamento era apenas Kim, Kristen e Ryan e eles nunca eram anunciados. Demetria atendeu o interfone e a surpresa foi grande quando o porteiro disse que Selena Gomez queria falar com ela. O que diabos Selena queria, afinal? Demi calçou seus chinelos e saiu do apartamento, bateu no apartamento de Kim e pediu que ela olhasse Alana enquanto ia até o hall do prédio para atender Selena. — Será que podemos conversar? — Selena perguntou sem jeito assim que viu Demi se aproximar. Demi apenas assentiu e caminhou com Selena até o pequeno jardim que havia no condomínio, havia alguns bancos estilo bancos de praça e eram poucas as pessoas que rodeava ali.

— Aconteceu alguma coisa? — Demi perguntou preocupada assim que se sentou ao lado de Selena.

— Não, eu só queria agradecer por ter me ajudado... eu vou embora ainda hoje e não iria conseguir ir sossegada sem te agradecer pessoalmente, coisas terríveis poderia ter acontecido comigo e graças a você eu cheguei em casa segura. Muito obrigado, Demi. — Selena disse a encarando. Demi assentiu e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha.

— Não precisa me agradecer, eu faria isso por qualquer garota que estivesse na mesma situação que você. Infelizmente vivemos em uma sociedade machista aonde os homens acham que somos obrigadas a fazer tudo o que eles querem. — Selena assentiu e suspirou pensando no que diria para Demi.

— Eu sei que você não gosta muito de mim desde quando você e o Joe estavam juntos e eu entendo os seus motivos, acredite Demi, eu realmente entendo os seus motivos porque eu também engravidei quando tinha dezesseis anos. — Demi encarou Selena com o cenho franzido. Ela não havia dado muita importância para as coisas que Selena havia dito no carro porque ela estava bêbada, Demi pensou que ela estava blefando. — Eu acredito firmemente que tudo acontece por um motivo maior. Eu já passei por tudo o que você passou e está passando, fui rejeitada pelos meus pais e julgada por engravidar quando ainda era adolescente. Infelizmente perdi o meu bebê e Joseph foi o único que me ajudou a superar tudo, ele esteve do meu lado do início até o fim de tudo. O que eu quero dizer é que na vida temos que passar por determinadas situações para nos tornamos mais fortes e sermos quem somos hoje, entende? Hoje em dia eu trabalho com o que eu amo, viajo o mundo e passo meu conhecimento para outras pessoas. — Selena suspirou e fitou os olhos de Demi. — Tudo o que você passou foi necessário para que você se tornasse a mulher que é hoje. Não quero que pense que Joseph é uma pessoa má, ele errou com você, mas amadureceu, hoje ele é um homem e está tentando ser uma pessoa melhor a cada dia que passa para conseguir te provar que é merecedor de estar presente na vida da filha de vocês.

— Deixá-lo entrar na minha vida novamente envolve vários fatores que eu não estou preparada para lidar. Eu... eu tenho medo do que pode acontecer quando eu resolver deixar ele voltar para a minha vida. Eu demorei muito para conseguir superá-lo e não quero que ele acabe com tudo tão facilmente. — Assumiu se sentindo agoniada com aquele sentimento.

— Você realmente superou ele ou apenas criou muros em volta dos sentimentos que você ainda sente por ele? Demi, o que tiver que acontecer vai acontecer, não tem como fugir ou tentar se esconder do que já está programado para acontecer. — Selena sorriu e apertou brevemente a mão esquerda de Demi. — Eu preciso ir agora, tenho que arrumar as minhas coisas... só pense bem no que eu te disse, ok? Pense na sua filha também. Obrigado novamente por me ajudar, quando eu voltar, eu espero firmemente ver vocês três juntos como uma família. — Selena acenou brevemente e caminhou em direção ao portão do prédio. Demi encarou a grama verde sentindo o coração acelerado. Ela e Joseph nunca seriam uma família, aquilo era impossível.

Kimberlly sorriu ao adentrar no quarto da neta e encontrá-la sentada no tapete do quarto jogando um joguinho de quebra-cabeça. Ela pediu licença e sentou ao lado da pequena que a encarou com os olhos vermelhos. — Vovó, a minha mãe não gosta do Joe. — Alana murmurou tristonha com a voz embargada. Kim abriu os braços e suspirou quando Alana se jogou em seus braços. — Ela ficou brava porque eu fui falar com ele, eu não entendo porque ela tem tanta raiva dele.

— Ah querida, adultos são complicados. — Disse enquanto acariciava o cabelo da menina.

— Ele é legal e eu gosto de conversar com ele. O Joe nunca fez nenhum mal pra ela, porque ela fica tão brava quando eu estou com ele?

— Sua mãe só está com medo, meu anjo. Ela tem medo de tentarem tirar você dela, entende?

— O Joe é meu amigo e ele nunca faria isso. — Kim beijou a testa da pequena e tirou o cabelo do rosto dela. Alana estava apegada à Joseph e seria complicado Demi tentar afastá-los. — Ele é legal e eu gosto muito de ficar com ele.

— Eu vou conversar com a sua mãe, ok? — Disse quando ouviu o barulho da porta bater no andar de baixo. — Volto já para brincar com você. Nada de ficar tristinha, sua mãe não fez por mal. — Tocou o nariz dela com o dedo indicador e sorriu ao ver a menina sorrir. Kim saiu do quarto fechando a porta e desceu as escadas. Demetria estava sentada no sofá e encarava um ponto qualquer da sala. Kim se aproximou e tocou o ombro dela. — Alana estava chorando lá no quarto porque você a proibiu de conversar com o pai dela.

— Ele não é o pai dela e se continuar desse jeito nunca vai ser.

— Demetria, as coisas não se resolvem dessa maneira. Você está tão cega de medo e rancor que não consegue enxergar o que está bem na sua frente. Joseph e Alana já tem uma forte ligação, algo de pai e filha que você não vai conseguir quebrar nem mesmo tentando afastá-la ou fugir como eu sei que você pensa. — As lágrimas começaram a descer que Demi nem mesmo notou. — Eles têm uma ligação de pai e filha que vai além de qualquer barreira. Eu sei que você quer que esse pesadelo termine, mas isso só vai terminar quando você finalmente tomar a decisão de deixar Joseph ser o pai de Alana. Você sabe que se você não permitir ele nunca vai te deixar em paz, a dor de cabeça será ainda maior.

— Eu tenho medo.

— Eu sei que sim, mas pelo o que eu vi no hospital, ele realmente quer participar da vida de Alana, ele não está fazendo isso por pirraça ou qualquer outra coisa. Quando Kris tinha a idade de Alana, tudo o que eu mais queria era que o pai dela tivesse alguma participação na vida dela e eu cheguei a cobrar isso dele, mas tudo o que eu ouvi foi um "se vira". Kris cresceu sem uma figura paterna e isso desencadeou alguns problemas durante seu crescimento. Se ele quer fazer parte da vida de Alana, dê uma chance a ele, Alana merece uma figura paterna e se for o pai dela de verdade, será ainda melhor.

— Eu não sei o que eu faria sem você na minha vida. — Disse abraçando a mulher fortemente pela cintura. Kim e Kris eram as únicas capazes de entender os sentimentos dela e que conseguiam lhe acalmar. Elas nunca falhavam em lhe consolar e lhe aconselhar.

— Ah meu amor, eu sou mãe e já passei por tudo o que você está passando hoje. As coisas nunca vão ser fáceis para uma mulher que cria seus filhos sozinha, você ainda vai passar por muitas coisas que vão te fortalecer ainda mais. — Demi assentiu e se acolheu enquanto sentia o carinho gostoso que recebia de Kim. Era bom ser mimada as vezes. As duas passaram boa parte da tarde conversando sobre coisas aleatórias enquanto preparava o lanche da tarde. Kristen chegou alguns minutos depois e roubou um dos sanduíches que Demi havia preparado, ela estava faminta.

Quando Demi subiu para entregar o lanche para Alana, o coração encolheu no peito ao ver que a menina lhe ignorava enquanto pintava desenhos no tapete que ficava no meio do quarto. Demi colocou o lanche ao lado da filha e saiu do quarto, será que estava pegando muito pesado? Demi respirou fundo e jogou-se na sua cama, ser mãe era tão difícil. Kris adentrou no quarto segundos depois e jogou-se ao lado de Demi na cama. As duas encaravam o teto pensativas e o silêncio não era desconfortável. — Eu não sei se vou ir jantar com Wilmer. — Demi falou minutos mais tarde quebrando o silêncio entre elas. Kim a encarou e arqueou a sobrancelha. — Não estou com cabeça para isso.

— Eu acho que jantar com ele seria uma boa distração para você, você está precisando tirar a sua cabeça de toda essa loucura. Wilmer pode te ajudar, você mesmo disse que se sente bem com ele e um pouco de sexo é sempre bem-vindo. — Demi suspirou e mordeu o lábio inferior pensando nas palavras da amiga, ela realmente precisava se distrair de toda aquela confusão. — Ânimo, Demetria. — Disse tentando incentivá-la. — Eu vou te ajudar a escolher um look bem sexy. — Kris levantou-se da cama e puxou a amiga pelo braço levando-a para o closet.

— Eu te odeio!

— Quando você estiver na cama depois de um sexo selvagem, você vai me agradecer por isso. — Piscou para a amiga que estava sentada em um puf que ficava no meio do closet.


***

Joseph odiava despedidas e definitivamente odiava o trabalho da amiga! Odiava porque aquele trabalho a mandava para outros países, milhas e milhas de distância dele. Joseph e Selena estavam no carro em direção ao Aeroporto Internacional de Los Angeles. Era quarenta minutos de onde ele morava e o silêncio do carro era agradável, Beatles tocava baixinho no rádio e Selena cantarolava alguns versos da música vez ou outra. — Não precisa ficar assim, você sabe que eu nunca demoro a voltar. 

— Eu sei que não, mas mesmo assim... você sabe como eu sinto a sua falta, você deveria procurar um emprego por aqui e ficar por aqui mesmo, você já conheceu muitos lugares, não acha que está na hora de sossegar? — Ele queria muito que Selena morasse em Los Angeles junto com ele. Ela era a única que conseguia entender sua mente confusa e colocar um pouco de juízo, sem contar os conselhos dela e como era bom implicar e se divertir de maneira boba com ela. 

— Você sabe que eu amo o que eu faço e ainda falta muito para mim conhecer. Passamos por isso muitas vezes no ano e você ainda não se acostumou? — Brincou tentando tirar o foco daquele clima de despedida. 

— Eu nunca vou me acostumar. — Disse assim que adentrou com o carro no estacionamento do aeroporto. Selena respirou profundamente tentando segurar as lágrimas, aquela era a parte mais difícil do seu trabalho, se despedir da sua única família. Ela se desfez do cinto de segurança e abriu a porta do carro, Joe desceu logo em seguida e retirou as malas do porta-malas. 

— Sua mãe chega amanhã para te fazer companhia e quando menos você esperar eu estarei de volta. — Selena falou fazendo Joe rir porque era sempre assim que funcionava. Quando ele menos esperava, Selena ligava para avisar que iria passar alguns dias com ele. 

— Toma cuidado, ok? Não vá fazer nada que coloque a sua vida em risco e me mande mensagens todos os dias, quando acordar e antes de dormir. — Selena revirou os olhos e assentiu quando eles pararam na sala aonde somente passageiros podiam entrar. Ela colocou sua mochila no chão e suspirou. — Eu amo você, Sel.

— Eu também amo você e quando eu voltar espero poder ouvir Alana me chamando de "Tia". — Joseph sorriu e assentiu. — Pega leve com a Demi, ela está assustada e vai levar um tempo até as coisas se acertarem entre vocês. Eu arrisco dizer que ela ainda sente algo por você, mínimo que seja. Se esforce para demonstrar o homem maravilhoso que você é e não pise na bola novamente.

— Eu te prometo. — Joseph disse a olhando nos olhos e Selena sorriu emocionada porque Joe nunca quebrava algo que ele lhe prometia. Selena passou os braços em volta da cintura do melhor amigo e sorriu quando Joe lhe abraçou pelos ombros e beijou-lhe na testa. — Se cuida, eu amo você.

— Eu também amo você, até mais, Joe. — Eles ficaram mais alguns minutos abraçados até ouvirem a primeira chamada do voo de Selena. Eles separaram o abraço e Joe observou a amiga adentrar na sala de desembarque. Selena acenou e caminhou até Joseph perdê-la de vista no meio de tantas pessoas.

Joseph voltou para o carro sentindo o coração vazio, mas foi só lembrar de Alana o abraçando fortemente que o coração encheu de amor e alegria. O sorriso nos lábios foi inevitável, ele amava tanto aquela garotinha. Como poderia em tão pouco tempo alguém roubar seu coração? Era um amor tão grande e incomparável, ele estava ansioso para ser o pai dela, poder brincar com ela, colocá-la para dormir, assistir desenhos e acompanhar o crescimento dela. Céus, ele seria o homem mais feliz do mundo quando aquilo começasse a acontecer em sua vida.


***

As portas do elevador se abriram e Kelly encarou Clarice. A morena estava com o cabelo preso em um rabo de cavalo alto e usava óculos de grau, o jaleco lhe caia muito bem e ela tinha uma prancheta e algumas pastas nas mãos. As duas mulheres se encararam por alguns minutos e apertaram juntas o botão que as levaria para o último andar, aonde ficava a sala da presidência. — Indo para a sala da presidência? — Kelly perguntou colocando uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha. Diferente de Clarice, ela não estava vestindo jaleco e roupas de trabalho.

— Preciso que ele assine alguns papeis para mim. — Deu os ombros e fitou o relógio. George estava lhe esperando no estacionamento do hospital. — Eu pensei que você estava viajando, faz tempo que não te vejo por aqui. — Comentou encarando a mulher loira. As duas nunca se deram muito bem, apenas convivam amigavelmente para o bem do hospital. 

— Vou viajar amanhã, vou visitar meu filho em Los Angeles. — Sorriu ao lembrar-se do seu único filho. Ela estava tão ansiosa para vê-lo e abraçá-lo. Joseph era seu único filho e apesar de ter vinte e sete anos jamais deixaria de tratá-lo como um bebê e mimá-lo sempre que possível. Clarice assentiu e desviou o olhar para encarar as portas do elevador, Joseph estava em Los Angeles, qual era a possibilidade dele e Demetria se encontrarem? 

— Eu e George estamos pensando em ir visitar Demi também.  — Sorriu tristonha pensando em como Demi fazia falta em suas vidas. — Nós duas tivemos apenas um filho e depois que eles crescem fazem tanta falta. 

— Demi está estudando aonde mesmo? — Perguntou com a sobrancelha arqueada e um sorriso no canto dos lábios. Clarice encarou a loira em sua frente sem entender muito bem porque ela estava com aquela cara de deboche.

— Inglaterra. Ela estuda medicina por lá. — Já fazia cinco anos que ela sustentava aquela mentira.

— Sério mesmo? Pois há muito tempo as pessoas dizem por aí que ela foi embora porque engravidou. Isso não me surpreendeu nenhum pouco, sua filha sempre teve cara de garota rebelde, isso iria acabar acontecendo já que vocês sempre fizeram todas as vontades dela. 

— Nós duas sabemos melhor do que ninguém como as pessoas nesse hospital gostam de cuidar da vida alheia. Você enche a boca para falar da minha filha, mas o seu filho casou com a filha de Richard apenas por interesse e no final abandonou vocês porque nem ele conseguiu suportá-los. — Disse e saiu do elevador assim que as portas se abriram. George estava conversando com um médico e sorriu para a esposa assim que a avistou. Clarice sorriu para o marido e se aproximou dele, o abraçando pela cintura. Kelly observou tudo de longe e suspirou, dava para ver o quanto eles se amavam, diferente dela e Bruce que estavam caminhando para o fundo do poço. Kelly caminhou até a sala do marido e adentrou sem ao menos bater, Bruce estava sentado em sua mesa e lia alguns papeis, era a única coisa que ele fazia desde que acordava até a hora de dormir, ler e assinar papeladas. 

— Vou viajar para Los Angeles amanhã. 

— Você vai mesmo ir visitar aquele ingrato? — Perguntou sem desviar o olhar dos papéis. Kelly revirou os olhos e apertou com mais força a alça da sua bolsa. 

— Ele é meu filho e não vou permitir que fale dessa maneira com ele, Joseph abriu mão da felicidade dele para fazer suas vontades, o único ingrato aqui é você!

— Joseph não fez mais do que a obrigação dele, tudo o que ele tem hoje foi conquistado graças a mim. — Disse desviando o olhar pela primeira vez dos papeis para encarar a mulher. — Ele é um ingrato mal agradecido, na primeira oportunidade correu para de baixo das asas do seu irmão.

— Diferente de você, Adam foi como um pai para Joseph. Só passei para avisar que o meu advogado deu entradas nos papeis do divórcio e em breve irá entrar em contato com você, até mais Bruce. — Disse e saiu batendo a porta com força, Ela encarou Clarice nos braços do marido e caminhou para longe dali. 

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eeei meus amores, como vocês estão? eu estou bem e muito feliz por voltar com mais um capítulo para vocês, passei muita raiva para conseguir escrever esse capítulo, então espero muito que vocês gostem. a mãe de joseph está chegando para abalar ainda mais as estruturas e em breve os pais de demi, eu estou tão ansiosa quanto vocês, enfim... 
respostas dos comentários aqui, aqui e aqui  | até o próximo meus amores.


ela vai voltar, prometo

06/02/2018

21. The Conversation


Selena abriu os olhos e franziu o cenho, ela podia jurar que estava vendo o teto girar. A dor de cabeça era insuportável e a dor no estômago também. Nunca mais iria beber. Selena levantou-se no mesmo momento em que a porta foi aberta, Joseph adentrou no quarto vestindo jeans e uma camiseta branca. Ele entregou uma xícara de café para ela e sorriu debochado cruzando os braços quando Selena fez uma careta. — Eu não me lembro de nada do que aconteceu ontem. —  Murmurou sentando-se novamente na cama quando sentiu a cabeça girar, ela deu um gole no café e xingou alto. 

— Demetria disse que café preto sem açúcar ajuda. 

— Demetria? — Perguntou confusa. 

— Sim, graças a ela você chegou em casa de modo seguro. Ela disse que te encontrou em um pub e que tinha um cara tentando se aproveitar de você. — Selena respirou fundo e desviou o olhar de Joseph encarando o chão. — Selena, algo muito sério poderia ter acontecido com você ontem, quando eu te mandar mensagem pedindo que entre em contato, não é para ignorar ou responder com seu "ok" debochado. 

— Eu não tive culpa. — Selena falou pensando nos variados tipos de barbaridade que poderia ter acontecido com ela. 

— Eu sei que não e não estou te culpando por isso, eu só quero que você esteja segura. Infelizmente vivemos em uma sociedade machista e uma mulher não pode sair sozinha para se divertir sem que um filho da puta tente se aproveitar. Eu jamais me perdoaria se alguma coisa acontecesse com você, Selena. Você é minha melhor amiga, a minha irmãzinha e eu não quero que nada ruim te aconteça — Selena assentiu com lágrimas nos olhos e bebericou seu café. Ela tentou organizar os pensamentos para não ficar pensando no que poderia ter acontecido caso Demetria não tivesse lhe ajudado. — Eu preciso ir trabalhar, eu preparei bacon para você e por favor me ligue se qualquer coisa acontecer. — Selena assentiu novamente e fechou os olhos quando Joseph lhe beijou na testa. 

— Agradeça a Demi por mim. — Pediu e Joseph assentiu saindo do quarto.

Joe desceu as escadas, pegou sua carteira em cima da mesinha de centro e guardou no bolso traseiro da calça jeans, sentou-se no sofá, calçou os tênis, pegou o capacete e a chave da moto e saiu do apartamento chamando pelo elevador que àquela hora da manhã estava lotado! Ele cumprimentou o pessoal que estava no elevador com um "Bom dia" e caminhou até sua moto assim que as portas do elevador se abriram. 

Moto era bem mais rápido que carro e esse era o único motivo pelo qual Joseph estava indo trabalhar de moto. Ele estava atrasado e num trajeto de trinta minutos, ele levou apenas quinze, isso porque ele não tinha medo nenhum, cortava os carros e se espremia entre os demais veículos e aumentava a velocidade sempre que possível, era errado e ele sabia, porém estava se esforçando para ser um bom funcionário e chegar atrasado não era uma opção. Joe estacionou sua moto no estacionamento da empresa, cumprimentou o segurança e adentrou no elevador, cumprimentou alguns funcionários e esperou pacientemente o elevador lhe levar ao seu andar. — Bom dia, Bella. — Joseph disse assim que se aproximou da mesa de Bella. 

— Bom dia, Joe. — Bella disse sorrindo. Ela o achava tão bonito. Joe piscou para ela e caminhou até sua sala. Bella suspirou abobalhada e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha enquanto tinha um sorriso besta nos lábios, por que os homens daquela empresa tinham que ser tão bonitos? Estar com os hormônios a flor da pele não ajudava nada. 

— Sorrindo para as paredes, Isabella? — Demi perguntou com uma sobrancelha arqueada apenas para provocar a menina que arregalou os olhos assustada. Demi riu e a cumprimentou com um beijo na bochecha. 

— Joseph acabou de passar por aqui, ele piscou para mim, amiga. Ele está tão bonito, acho que mais bonito que o normal, ele não está usando roupas sociais então acho que é por isso. — Demi revirou os olhos e comprimiu os lábios em uma linha reta, ela não queria que seus pensamentos viajassem até ele, sempre ficava distraída quando o assunto era Joseph. — Enfim, Adam está apresentando a nova arquiteta para todos os departamentos, felizmente eu me livrei de ser assistente dela, parece que Wilmer vai ter que dividir a assistente com ela. 

— Eu não queria estar na pele de vocês. — Demi brincou. — Eu tenho uma reunião agora de manhã, preciso me organizar, nos falamos depois. — Demi se despediu com um aceno e caminhou em direção à sua sala. Ela adentrou na sala e fechou a porta, colocou sua bolsa em cima do sofá de dois lugares que ficava no canto da sala e caminhou até sua mesa. Ela gostava de se preparar antes de ir para uma reunião, estudar o conteúdo que seria passado para o cliente e os principais pontos do projeto. Havia aprendido com Wilmer que era muito importante ter confiança no que estaria passando para um cliente. 

Boa parte da manhã se resumiu em estudar sobre o projeto de decoração e se preparar para a reunião. Quando estava a caminho da máquina de café, Demi esbarrou em Joseph e como Bella havia tido mais cedo, ele realmente estava muito bonito! Joe até tentou trocar algumas palavras com ela, mas tudo o que Demi disse foi que precisava estava ocupada.
James Bay tocava num volume mínimo, ajudava Demi relaxar e não ficar tensa para reunião, era o seu primeiro projeto de decoração e ela estava gostando de atuar naquela área por isso queria que tudo saísse perfeito. Demi observou bem seu projeto, mudou algo que ela achou necessário e anotou algumas informações importantes em sua agenda. As onze horas da manhã, Demi guardou o projeto em uma pasta, guardou sua agenda dentro da bolsa e saiu da sua sala. Ela sorriu para Bella e franziu o cenho ao ver Joseph conversando com uma loira alto, ele tinha um sorriso bobo nos lábios e os braços estavam cruzados enquanto ele ouvia a loira falar. Demi revirou os olhos e chamou o elevador. — Ela é a nova arquiteta. — Wilmer disse assim que se aproximou de Demi e percebeu que ela os encarava com uma feição nada contente. — Joseph está responsável por ajudá-la na adaptação da primeira semana. 

— Eu não me importo. — Deu os ombros e adentrou no elevador assim que as portas se abriram. — Eu estou indo encontrar a Sra. Campbell, me deseje boa sorte. — Disse entrelaçado as mãos. Ela estava nervosa, era a primeira reunião que ela ia sozinha, todas as outras ela havia sido acompanhada de Wilmer. 

— Você vai se sair bem, Demi. — Wilmer sorriu e acariciou a bochecha de Demi com o dedão. — Você está terminando a faculdade e já tem grandes referências, você vai se tornar uma grande arquiteta e não vai ser uma surpresa para ninguém. 

— Obrigada, Wil. — Demi sorriu e colocou uma mechado cabelo atrás da orelha. As portas do elevador se abriram no andar da presidência e Wilmer saiu do elevador, se despedindo de Demi com um breve beijo na bochecha. Três pessoas adentraram no elevador e Demi respirou fundo tentando manter a calma. Ela saiu do elevador assim que as portas se abriram no estacionamento, cumprimentou o segurança e caminhou até o seu carro. 

Demetria não sabia se estava mais nervosa pela reunião ou pelo fato de que havia se lembrado que iria encontrar com Joseph no horário de almoço. Ela respirou fundo e tentou manter a calma. — You've been scared of love and what it did to you... — Demi cantarolou assim que a voz do The Weeknd soou no rádio. O celular começou a tocar e ela aproveitou que estava parada no sinal vermelho para atender. — Oi Kris. — Disse assim que atendeu o celular. 

— Como você está? 

— Eu estou bem, estou indo para uma agora. — Demi colocou o celular no modo viva-voz e colocou o aparelho sobre o painel do carro assim que o sinal ficou verde. 

— Eu estou bem também e acabei de sair da padaria do Ryan. O que diabos aconteceu entre vocês dois dessa vez? Tive que ouvi-lo resmungar de como a vida era cruel com ele e como toda a garota pela qual ele se interessava nunca lhe dava uma chance. 

— Ele me pressionou com aquela história de dar uma chance a ele, você mais do que ninguém sabe que eu não sou capaz de retribuir os sentimentos dele dessa maneira, Ryan é como um irmão para mim e eu não consigo nem imaginar nós dois juntos, se ele continuar insistindo nisso, infelizmente eu vou ter que me afastar. 

— Essa situação é um saco porque eu entendo você, mas também entendo ele, odeio ficar em cima do muro e sem saber o que fazer. — Resmungou. — Você sabe como Ryan é intenso, quando ele gosta de alguém move céus e montanhas para ficar com aquela pessoa mesmo que os sentimentos não sejam recíprocos. — Ryan era um cara sensível e intenso, quando ele gostava de alguém era para valer e ficava difícil mudar a mente dele em relação à pessoa, mesmo se os sentimentos dele não fosse retribuído. 

— É complicado, mas infelizmente não há nada que eu possa fazer em relação a isso, a minha vida já tem problemas demais para eu me preocupar, o que eu menos preciso no momento é de mais problemas. — Suspirou e olhou para o retrovisor antes de mudar de pista. Demi revirou os olhos e subiu o vidro do carro quando ouviu o carro de trás buzinar sem nenhum motivo aparente. —Wilmer me chamou para jantar no sábado.

— Você aceitou?

— Sim.

— Eu pensei que você daria um tempo, você disse que não queria trazer ninguém para sua vida com essa bagunça toda. 

— E eu realmente não queria, mas ele me apoia, sabe? Ele conversou comigo ontem, foi bem amigável e eu me sinto bem perto dele. Não quero mais me privar disso.

— Eu acho vocês dois muito fofos, vocês combinam. — Demi riu e estacionou o carro em frente ao escritório da Sra. Campbell. 

— Kris, eu preciso desligar agora, te ligo mais tarde, ok?

— Ok amiga, até mais tarde! — Elas se despediram e Demi desligou o celular guardando-o na bolsa. Ela respirou fundo encarando o prédio enorme a sua frente, era sua primeira reunião e ela precisava se sair bem e fechar negócio. Com o pouquinho de coragem que tinha, Demi desceu do carro, ativou o alarme e adentrou no prédio luxuoso. 

O nervosismo sumiu assim que avistou a Sra. Campbell com um sorriso nos lábios esperando por ela. A mulher de setenta e dois anos era muito gentil e engraçada, o que ajudou bastante Demi a relaxar. As duas conversaram sobre coisas aleatórias antes de começarem a conversar sobre arquitetura. Demi mostrou o projeto que havia feito, contou de onde tirou cada detalhe do projeto e como o mesmo seria executado. No final da reunião, a Sra. Campbell estava assinando um contrato e Demi tinha um sorriso enorme no rosto. — Ah, querida, foi um prazer fechar um negócio com você. Você é um doce de pessoa e consegue conquistar qualquer pessoa com esse sorriso. — Demi sorriu e retribuiu o abraço. 

— Muito obrigada, eu prometo que a senhora não vai se arrepender. — Disse assim que separou o abraço. 

— Eu sei que não. — Ela sorriu e acompanhou Demi até seu carro. Demi adentrou em seu carro, respirou fundo e se despediu com um aceno de mão. Se antes ela estava nervosa agora ela estava apavorada! Aonde estava com a cabeça quando propôs se encontrar com Joseph? Maldita ideia! Ela retirou o celular da bolsa e ligou o aparelho, o celular vibrou com algumas mensagens e ela respondeu as mais importantes, o sorriso foi de orelha a orelha com a foto que de Alana que Kim havia lhe enviado. Alana estava sentada ao redor da mesa, o prato estava recheado de verduras e a menina fazia um sinal de positivo com o dedão mostrando para a mãe que estava comendo tudo. Demi deu partida no carro e discou o número de Wilmer. — Eu consegui, eu fechei o contrato com a Sra. Campbell. — Falou assim que Wilmer atendeu o telefone. 

— Eu sabia que você ia conseguir, Dem. Você é ótima no que faz, deveria confiar mais em mim quando eu digo que você é capaz. — Demi riu e sentiu as bochechas corarem com o elogio.

— Às vezes eu fico insegura. — Mordeu o lábio inferior e encostou-se melhor no banco enquanto estava focada na estrada. — Mas foi tudo tão tranquilo, eu acho que consegui explicar bem o objetivo do projeto e fui bem direta, como você me ensinou das outras vezes. 

— Eu acho que isso merece uma comemoração, o que acha de almoçarmos juntos? Eu estou indo para Westwood. — Deixar Joseph esperando e ir almoçar com Wilmer era uma grande tentação, ela estava cogitando a ideia, a cara de Joseph seria impagável e seria um ótimo jeito de irritá-lo. 

— Eu adoraria almoçar com você, mas eu vou ter aquela conversa com Joseph agora.  — Suspirou, não iria fugir. — Eu quero acabar com isso de uma vez, não aguento mais essa situação toda, sinto que se eu não me livrar disso logo vou acabar enlouquecendo. 

— Você é uma mulher forte, Demi. Você vai conseguir administrar bem toda essa situação, como administra tão bem todas as áreas da sua vida, o trabalho, a faculdade, seu tempo com a sua filha, seu tempo com seus amigos... você é uma supermulher, Dem. — Brincou e eles riram, era bom ouvir a risada dele, por algum motivo aquecia seu coração. 

— Obrigado por ser meu amigo e me acalmar sempre que eu preciso. — Demi mordeu o lábio inferior e guiou o carro na rua em que ficava o restaurante que havia marcado com Joseph. Encontrar uma vaga foi difícil, mas quando conseguiu, ela se desfez do cinto de segurança e ficou apenas sentada ali encarando a entrada do restaurante. 

— Você não precisa me agradecer, você sabe que pode contar comigo sempre que precisar. 

— Eu não sei o que faria sem você. 

— Ah, querida. Eu estou aqui para você e não tenho planos de ir embora tão cedo. — Se o coração batesse mais acelerado, ela teria um ataque cardíaco, aquilo era certeza. Demi abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu, as palavras dele tiveram um forte impacto sobre ela e Wilmer pareceu perceber. — Mantenha a calma e qualquer coisa é só me ligar, ok? — Eles se despediram e Demi guardou o celular no bolso traseiro do jeans. Ela pegou sua bolsa e saiu do carro, subiu as escadas que dava acesso ao restaurante e cumprimentou o garçom que estava na porta. Seus olhos focaram em Joseph assim que o garçom a levou até a mesa em que ele estava. A mesa era no fundo do restaurante, em um lugar reservado ao lado da janela. O restaurante tinha um toque rústico e era bem descontraído, esse foi um dos motivos pelo qual ela escolheu aquele restaurante. Demi sentou-se de frente para Joseph sem ao menos dizer "Oi". 

— Boa tarde, Demi. — Joseph disse com certa ironia e fez Demi revirar os olhos. — Pode trazer dois sucos de laranja, por favor? — Pediu ao garçom que assentiu prontamente e saiu os deixando sozinho. Demi colocou a bolsa na cadeira do lado e entrelaçou suas mãos em cima da mesa, tentando deixar de lado todo o nervosismo. — Como foi sua reunião? 

— Foi ótima! Vamos pular essa parte e ir para o que realmente interessa. — Disse direta o encarando.

— Certo, quando começou as suspeitas da gravidez? 

— Os sintomas começaram um pouco antes do nosso último final de semana juntos, eu sentia muito sono durante as aulas e constantemente os professores chamavam a minha atenção por causa disso. — Suspirou lembrando-se como o início da gravidez havia sido complicado. — Eu não sei se você vai se lembrar de uma noite em que... passamos no seu carro. 

— Eu me lembro de cada momento em que passei ao seu lado, Demi. — "Não se deixe abalar por essas palavras" Uma vozinha em sua mente disse e ela umedeceu os lábios e desviou brevemente o olhar dele para encarar o garçom que trazia os sucos de laranja. O coração estava acelerado e as palmas das mãos chegavam a soar. O garçom entregou dois cardápios para eles e se retirou rapidamente, ela não ia se deixar levar pelas palavras de Joseph, ele era um bom mentiroso.

— Enfim. — Bebericou seu suco de laranja e suspirou. — Depois daquela noite os enjoos começaram, eu levantei naquela manhã passando mal e não fui para escola, os enjoos ficaram constantes depois desse dia, eu sentia meu corpo diferente, mas em nenhum momento se passou pela minha cabeça que eu poderia estar gravida, até o nosso último final de semana juntos. 

— Você acordou passando mal. — Joe disse se recordando de como segurou os cabelos dela enquanto ela vomitava e como pensou que era impossível ela estar grávida já que ele sempre foi muito cuidadoso na hora do sexo. Demi assentiu e fitou o cardápio em cima da mesa. 

 — Sim, eu passei mal e você perguntou se eu estava de ressaca. — Riu baixinho, uma gravidez jamais passaria pela cabeça dele. — Eu me lembro de pedir para você fazer panquecas para mim e enquanto você preparava eu estava no quarto assistindo televisão, estava passando um artigo sobre gravidez e quais eram os primeiros sintomas, foi só então que eu comecei a suspeitar, mas como eu não tinha certeza, decidi não te contar nada, até porque nem eu acreditava que aquilo era possível. 

— Com licença, vocês já sabem o que vão pedir? — Demorou um pouco até Joseph desviar o olhar de Demi para o garçom, ele estava tentando digerir tudo o que estava ouvindo. 

— Eu vou querer risoto com aspargos, por favor. — Demi disse entregando o cardápio para o garçom que assentiu prontamente. 

— E o senhor? — Perguntou à Joseph que lhe entregou o cardápio.

— Pode ser a especialidade do chefe. — Disse e o garçom assentiu anotando o pedido e saindo rapidamente. Ele nem sabia qual era a especialidade do chefe, seu foco estava todo em Demi. — Você deveria ter contado no momento em que começou a suspeitar. 

— Eu deveria ter feito muita coisa, Joseph. Não venha tentar colocar a culpa em cima de mim, não era eu quem estava te usando, eu não estava noiva de outro homem, mas você sim estava noivo de outra mulher. Você não iria querer um filho, Joseph.

— Eu já disse que jamais negaria um filho, Demetria. Eu jamais negaria Alana independente de qualquer coisa, eu poderia estar noivo e o caralho a quatro, mas jamais negaria um filho meu! 

— Eu também pensei que você nunca me trairia, eu pensei que era a única na sua vida e veja só no que deu. Você diz que nunca negaria um filho agora, mas naquela época, eu tenho certeza que você não aceitaria a minha gravidez indesejada, acabaria com seu maldito plano de conseguir a presidência para o seu pai. 

— O que eu senti por você foi real, Demetria. Foi real pra caralho e eu... 

— O que eu senti foi real, Joseph. O que você sentiu foi só fogo de palha, uma atração... você nunca quis nada sério comigo, você só queria uma otária para transar até se casar com Sophie. Então pare, pare de dizer essas merdas para mim, não vai mudar o que aconteceu e eu não vou te perdoar, estou aqui apenas para tirar as suas dúvidas e nada além disso. — Disse tentando se acalmar porque ela não queria chorar na frente dele. Joseph estava cutucando uma ferida que já estava cicatrizada e aquilo não iria prestar. — Quando eu cheguei em casa depois do nosso último final de semana juntos, eu passei mal com o cheiro do peixe que Sandra estava fazendo, ela me ajudou e disse que achava que suspeitava de uma gravidez, ela comprou dois testes de farmácia e quando eu fiz... os dois deram positivos. Eu estava grávida e completamente fodida. Sandra me ajudou a ficar calma, ela disse que enfrentaríamos aquela situação juntos e isso de alguma maneira me acalmou, eu pensava que você ficaria do meu lado, que estaria segurando a minha mão quando eu fosse contar para os meus pais. — Demi riu baixinho lembrando-se de como era iludida e inocente, ela limpou a lágrima que escorreu pela sua bochecha e suspirou. — Céus, eu era tão estúpida. — De quantas maneira era possível um coração quebrar? Através dos olhos dela, Joseph conseguiu ver toda a dor que ela sentiu e sentia quando lembrava de tudo o que passou por causa dele e aquilo lhe quebrava o coração em vários pedacinhos, como pode ser tão estúpido?  

— Demi... — Ele tentou colocar sua mão sobre a dela, mas Demi retirou sua mão rapidamente de cima da mesa, como se o toque dele queimasse! Ela secou as lágrimas que continuavam a descer e agradeceu quando o garçom serviu os pratos. 

— Em menos de uma semana chegou o dia da festa do aniversário do hospital, você prometeu que me buscaria às dez, mas não foi... eu estava preocupada, já havia deixado milhões de recados na sua caixa postal, mas você não retornava nenhuma delas, então eu decidi ir até o seu apartamento. Quando eu cheguei lá, o porteiro disse que você não aparecia há dois dias, meu coração me alertou que tinha algo errado acontecendo e eu resolvi ir até a festa do hospital, quando eu cheguei lá, você estava em cima do palco fazendo um belo discurso, só que o discurso não era para mim, você desceu as escadas do palco, caminhou até Sophie e se ajoelhou pedindo-a em casamento. — Demi deu uma garfada em seu risoto e o encarou enquanto mastigava. Ela estava lutando internamente para não chorar desesperadamente porque dizer aquilo em voz alta lhe machucava. — Doeu tanto Joseph, eu sentei na calçada e comecei a chorar como uma desesperada, por sorte Trace me encontrou e me levou para casa, ele me deu um conselho que levo até hoje. "Não importa o que tenha acontecido, uma hora isso vai passar e você vai olhar pra trás e vai ver que isso lhe serviu de lição." E realmente me serviu de lição, aprendi a não me iludir com babacas como você. 

— Você foi embora porque estava grávida. — Joe disse ignorando o ultimo comentário dela porque ele não podia descordar, havia agido como um babaca egoísta sem coração.  

— Não, eu fui embora porque fui obrigada a ir embora. Naquela noite eu contei para os meus pais que estava grávida e eu fui expulsa de casa, ouvi da boca do meu pai que eu era uma vagabunda, uma puta, ele disse também que por você ser homem eu era a única culpada por estar grávida... entre outras barbaridades que eu tive que escutar porque eu uma mulher. 

— Eu sinto muito que você tenha passado por tudo isso sozinha, Demi. — Joseph disse suspirando. Ele realmente sentia, deveria ter passado por tudo isso ao lado dela. Ele deveria ter sido sincero sobre quem realmente era. — Eu errei feio com você e entendo todo o rancor, raiva e ódio que você sente por mim. — Joe disse sem quebrar a troca de olhares, Demi sentia o coração bater forte no peito e todo o muro que havia construído em volta do seu coração queria desmoronar. 

— Não foi fácil, Joseph, e ainda não é. Só eu sei as dificuldades que eu enfrentei e continuo enfrentando, passei muitas noites em claro pensando que não daria conta de cuidar de uma criança sozinha. mas eu acho que estou fazendo um bom trabalho. — Deu os ombros e encarou seu prato, ela deu uma garfada no risoto e o encarou. 

— Nada do que eu dizer ou fizer vai mudar todas as dificuldades que você enfrentou por minha culpa, eu era um moleque idiota que achava que poderia ter tudo o que eu quisesse na hora que eu quisesse, eu era imaturo, eu era um filho da puta, mas eu cresci, Demi. Eu amadureci e eu quero ser o pai da Alana, eu quero assumi-la e cuidar dela, fazer parte da vida dela. 

— Eu não confio em você, Joseph. Quando eu te vi pela primeira vez, algo dentro de mim disse para mim ficar longe de você, mas como eu era inocente e iludida, me aproximei e veja só no que deu, eu terminei toda fodida, dessa vez eu não vou ser idiota, você não vai conseguir jogar meia dúzia de palavra em cima de mim e me fazer de trouxa. Eu não sou mais aquela garotinha inocente e manipulável. 

— Eu sei que você não confia em mim e eu não espero isso de você, eu só quero participar da vida da minha filha e para isso preciso que você me dê uma chance, uma chance para mostrar que eu mudei e que eu quero ser um bom pai para minha filha. — O que ele deveria fazer para provar que mudou? Se ajoelhar? Beijar os pés dela? Implorar? Chorar? Demi respirou fundo e tampou o rosto com as duas mãos, o que ela deveria fazer? — O que eu senti por você foi verdadeiro, eu realmente te amei, Demi. Eu ia arrumar aquela bagunça, eu prometi para você que iria arrumar aquela maldita bagunça e eu realmente iria, mas foi tarde demais... eu fui até a sua casa depois de pedir Sophie em casamento e fui recebido com socos na cara. Seu pai estava espalhando para todos que você havia ido estudar medicina na Inglaterra. 

— Você disse que foi atrás de mim no Texas. 

— Eu fui. Eu descobri que você estava no Texas através da sua mãe, eu estava no hospital com Sophie e ouvi quando ela falou para alguém no telefone que você estava no Texas. Eu fiz tudo o que eu podia para te encontrar, tudo o que estava ao alcance, mas parecia que você tinha cavado um buraco no chão e se enfiado dentro. — Joe suspirou e bebeu seu suco de laranja, seu prato estava intacto, ele nem havia encostado na comida. — Como vai ser daqui pra  frente? 

— Eu realmente não sei, tem muita coisa em jogo e eu não sei se estou preparada para deixar você entrar na minha vida dessa maneira. Como vou deixar alguém em que eu não tenho confiança participar da vida da minha filha? Alana é tudo o que eu tenho, ela é a minha vida e eu vou protege-la do que for preciso.

— Eu não vou sequestra-la ou tira-la de você, Demi. Eu não sou um monstro. Eu te entendo e imagino como deve ter sido difícil passar por tudo isso sem apoio nenhum, mas eu já perdi cinco anos da vida da minha filha e não estou disposto a perder mais cinco, sabe-se lá quando você vai se acostumar com a ideia de que eu estou de volta e eu quero ser o pai da minha filha.

— Você não tem direito de exigir nada Joseph, você deveria estar me agradecendo por ter aceitado falar com você. Eu vou pensar a respeito sobre tudo o que foi conversado aqui, quando eu tive uma decisão eu entro em contato. — Demi disse sem dar chance de Joseph rebater, ela abriu a bolsa tirou uma nota de cinquenta e colocou em cima da mesa. — Boa tarde, Jonas. — Joe bufou e a observou enquanto caminhava para fora do restaurante, ela estava vestindo jeans apertado que moldava suas coxas e seu bumbum perfeitamente e o salto alto? Aquela mulher era capaz de deixar qualquer homem babando por ela. 

Demi adentrou em seu carro e finalmente pode respirar aliviada por estar longe dele. Estar perto de Joseph lhe sufocava e trazia lembranças que ela lutava constantemente para esquecer. Demetria prendeu o cabelo em um coque alto e relaxou no banco, ela colocou a bolsa em cima do banco do passageiro e franziu o cenho quando viu Joseph descer as escadas do restaurante acompanhado de uma loira. Por que diabos os homens tinham que ser tão cafajestes? Uma hora ele estava lhe dizendo como havia lhe amado e na outra saía sorridente acompanhado de uma loira, qual era o problema dele e por que diabos ela estava com ciúmes? Demi ligou o som do rádio e colocou em uma música que ela julgou não ser romântica e Work da rapper Iggy Azalea foi a escolhida. — I've been work work work work working on my shit... — Cantarolou enquanto dirigia pelas ruas de Los Angeles tentando não pensar sobre aquele pequeno tempo que passou com Joseph porque sabia que passaria boa parte da noite pensando em tudo o que havia sido dito naquele almoço. Demi estacionou o carro no estacionamento do supermercado mais próximo que encontrou, ela ia comprar alguns doces para comer enquanto estivesse no escritório, ajudaria ela a se acalmar e aliviar toda a tensão que estava sentindo, chocolate era um ótimo remédio!


***

Retirar os saltos assim que chegou em casa foi uma das melhores sensações que poderia acontecer naquele dia. Demi estava jogada no sofá e observou a filha descer as escadas do apartamento com as mãos cheias de brinquedos. Ela havia acabado de chegar do trabalho, estava tão cansada que a vontade de ficar deitada no sofá falou mais alto. Alana colocou os brinquedos em cima do tapete felpudo que ficava no chão da sala e sentou-se. — Mãe, como os bebês são feitos? — Alana perguntou de repente largando a boneca de lado para encarar a mãe. Demi franziu o cenho e sentou-se no sofá passando uma das mãos pelo cabelo. Era a primeira vez que Alana perguntava algo relacionado à isso. 

— Por que está me perguntando isso, filha? — Demi perguntou encarando a filha que lhe olhava com os olhinhos estreitos cheios de curiosidade. Alana colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e voltou a montar a sua cozinha de brinquedo. 

— Porque a Júlia vai ganhar um irmãozinho, ela disse que o irmãozinho dela está dentro da barriga da mãe dela e agora eu quero saber como eles são feitos e como eles vão parar dentro da barriga. — Demi assentiu e entrelaçou suas mãos, ela umedeceu os lábios e mordeu o lábio inferior. 

— Os bebês são feitos através de uma relação amorosa, o papai coloca uma sementinha dentro da mamãe e assim os bebês crescem dentro da nossa barriga. — Alana assentiu e colocou suas bonecas sentadas em volta da mesinha de brinquedo, ela levantou e foi até sua mãe, ficando entre as pernas de Demi que lhe beijou na bochecha carinhosamente. 

— Eu queria muito um irmãozinho ou uma irmãzinha, assim eu teria com quem brincar. — Sorriu de forma fofa, Demi conhecia muito bem aquele sorriso! Alana sorria daquela maneira sempre que queria alguma coisa. 

— Nada disso mocinha, pode tirar essa ideia da sua cabeça. — Demi tocou o narizinho da menina com o dedo indicador e sorriu boba, sua filha era tão linda! — Você vai ser meu único bebê por um longo tempo. — Fez questão de dar ênfase no “longo”. Ter outro filho estava fora de cogitação, ela não queria outro filho tão cedo. — Eu tenho um negócio para você dentro da minha bolsa. — Alana correu até a bolsa da mãe que estava em cima da mesa de jantar e voltou até a sala de estar com a bolsa nas mãos.  A pequena olhava curiosamente para a bolsa enquanto Demi abria. A ida ao supermercado mais cedo resultou em uma bolsa com vários tabletes pequenos de chocolate, M&M's e os mais variados tipos de balas. — Mas é para comer com moderação, ok? — Demi disse quando entregou os tabletes de chocolate para Alana, os chocolates eram de vários sabores diferentes, ao leite, com castanha, amendoim, oreo, entre outros... 

— Obrigada, mamãe. Eu vou dividir com as minhas bonecas. — Demi beijou a testa da garotinha e observou ela abrir os M&M's e sentar-se em volta da mesa de brinquedo para brincar com as bonecas. O celular vibrou em cima do braço do sofá, Demi cruzou as pernas e atendeu o aparelho. 

— Ei. — Demi mordeu o lábio inferior e sorriu, era Wilmer. 

— Ei. Nós nãos nos vimos depois que você chegou do almoço, eu tive uma reunião e os nossos horários acabou não batendo, eu liguei só para saber como você está. — O sorriso nos lábios dela era enorme porque ela sentia que Wilmer se preocupava com ela de verdade. Alana franziu o cenho e observou a mãe sorrindo de forma boba para o nada. 

— Eu estou bem. — Demi disse e levantou-se caminhando até a cozinha quando flagrou Alana a encarando. — Foi bem estranho conversar com ele sobre tudo o que aconteceu, reviver tudo o que eu passei mexeu muito comigo e em algum momento da conversa eu fiquei bem emotiva. Ele quer fazer parte da vida da minha filha e não há muito o que eu possa fazer sobre isso, eu só pedi um tempo para me acostumar com a ideia. 

— Eu entendo você e como eu disse antes, você tem que fazer as coisas no seu tempo! Você precisa tomar suas decisões baseado no que é melhor para você e sua filha, independente da opinião das outras pessoas, só você sabe o que é o melhor para ela.

— Eu estou tentando fazer isso, mas é tão difícil. Tem tanta coisa envolvida, é complicado e desgastante, às eu penso que a minha única saída é fugir. — Demi não tinha receio de compartilhar seus medos e angústias com Wilmer. Ele era seu amigo antes de qualquer coisa e ele também compartilhava suas lutas com ela. 

— Com um tempo cada coisa vai se encaixar no seu devido lugar, Dem. — Eles ficaram sem silêncio por algum tempo, Demi estava apoiada no balcão da cozinha e mordia o lábio inferior. 

— O que você está fazendo? 

— Eu estou no carro, sai do escritório e passei num restaurante chinês para comprar comida, você sabe, sou um homem sozinho. — Eles riram. — E você?

— Eu estou na cozinha pensando no que vou preparar para o jantar, a minha filha acabou de me perguntar como os bebês são feitos. Eu nunca pensei que esse momento fosse chegar. 

— O que você disse? — Wilmer perguntou rindo. 

— A verdade. — Demi colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e virou-se para encarar Alana que estava de costas concentrada em seus brinquedos, a imaginação da pequena estava longe e ela conversava com as suas bonecas. — Eu tento ser a mais verdadeira possível com ela. 

— Você é uma ótima mãe, Demi. 

— Obrigada. — Disse com um sorriso bobo nos lábios. — 

— Eu vou deixar você preparar seu jantar em paz. — Demi sorriu. — Nos vemos amanhã, certo?

— Certo. 

— Tchau, querida.

— Tchau. — Demi desligou o celular e o colocou sobre a bancada da cozinha. Ela encarou o aparelho e suspirou. Antes que começasse a travar uma batalha interna, Demi abriu a geladeira e separou os ingredientes que usaria para preparar o jantar, era o melhor que ela poderia fazer para não pensar na loucura que estava a sua vida. 

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boa tarde meninas, finalmente estou de volta o tão aguardado capítulo... espero de coração que vocês gostem, dei o meu melhor para escrevê-lo. quero agradecer pela a ajuda nos comentários do post anterior, as palavras de vocês me ajudaram muito, de verdade, vocês são incríveis e eu me sinto sortuda por poder contar com vocês, grande parte daquele texto foi pessoal mas outra parte foi sobre algumas amigas que enfrentam a mesma situação ou parecida, enfim, preciso ir agora... muito obrigado mesmo, de coração <3
até o próximo capítulo, fui-me.